"Está vendo aquela nuvem lá?__ perguntou a senhora, enquanto caminhava ao lado do pequeno garoto, que andava entretido pelas plantas à margem da trilha.
Qual?__ perguntou ele, tentando identificar algo em especial dentre as formas brancas espalhadas pelo azul do céu de meio dia.
Aquela longa, que ta subindo de trás do morro.__ respondeu ela, apontando com o dedo para uma que se assemelhada a uma coluna saindo de trás do horizonte.
Sim, estou! Que grande, né?__ disse o menino, enquanto refletia sobre como aquela nuvem parecia uma trilha, que se alargava quando ficava mais alta.
Sim, ela é do gênio que sai da terra e vem ver as coisas que a gente está fazendo, e ajudar com o que desejamos.__ explicou a senhora, chamada Yolanda, enquanto caminhava sob o sol escaldante do interior de Minas.
É mesmo?__ se surpreendeu o garoto, tentanto enxergar o gênio no topo da coluna.
Sim! E se você for bonzinho, o gênio vai sempre vir te ajudar!__ completou ela, divertindo-se com a expressão ao mesmo tempo curiosa e incrédula do pequeno garoto, que lá pelos seus cinco, seis anos, ainda fantasiava o seu próprio mundo cheio de coisas invisíveis espalhadas em todo lugar.
Tanto tempo depois, o pequeno garoto cresceu, e aprendeu na escola que as trilhas do gênio eram aviões passando pela linha do horizonte acima de nós. A senhora, levada pelas onda do oceano do tempo, hoje é parte de suas memórias.
Às vezes, caminhando por trilhas em redor da cidade, olho para cima e por um instante reencontro aquele pequeno garoto. Ele, que ainda vive e se questiona sobre a magia que reina sobre o mundo, consegue me fazer crer por um momento que sim, o gênio está lá, bem no topo da coluna branca, observando o que fazemos cá embaixo. Paro por um momento e, antes de recomeçar a caminhar, penso que ela, aquela alma amiga e carinhosa dos tempos de infância na verdade é um dos gênios que voam por aí, ainda espalhando bondade com aquela mesma resiliência de sempre. Ao longe soa o latido de um cachorro e, desperto novamente para a realidade, continuo caminhando, em pazes com o pequeno que ainda sonha com as nuvens brancas do céu.