domingo, 10 de abril de 2016

Curvas do sem fim



Sabe-se lá o que são as curvas revoltas do destino. Em um ponto tudo parece chão asfaltado, e então surgem buracos tortuosos na estrada. Nós de caminhos que se cruzam, entrelaçam e não levam a lugar nenhum. Perdidos em tamanha confusão, nos perguntamos apenas por quê e para onde devemos ir, procurando por qualquer sinal da direção a tomar.
E lá paramos. Perdemos tempo pensando em passados já dados, revoltados com o caminho em si nos ter enganado, e nao vemos como é que os dias passam, nem como nós mesmos vamos envelhecendo, morrendo pouco a pouco perdidos em tamanhas dúvidas cruéis. Sem perceber, vamos virando pedras de areia na estrada, apenas olhando aterrorizados para trás.
Não é nada fácil pensar claramente quando tais situações ocorrem. Raiva, medo, angústia, tudo isso se torna um caldeirão sem fim de pensamentos a atormentar as noites sem sono, onde rápidos cochilhos levam a pesadelos com versões monstruosas dos nossos medos, sejam eles infundados ou não. Tomados pelo pânico e por traumas, vamos nos deixando ficar por ali, numa meia-existência chorosa, na qual ficamos tristes por termos sido obrigados a parar, e permanecendo parados por não conseguimos deixar o peso das mágoas para nos lançarmos ao futuro novamente.
Não saberia dizer, se perguntassem, qual a fórmula para não se afetar, não se deixar abater quando as peças cruéis do destino resolvem nos acertar. Não há como ser imune à dor. Somos de carne e osso, e nossos corações ainda pulsam e jorram sangue. Entretando, acredito hoje que, mesmo curvados perante problemas que simplesmente não somos capazes de resolver, hajam soluções que nos tirem dos círculos sem fim aos quais nos prendemos. Mesmo que para isso precisemos lembrar de quem éramos tempos atrás, e iniciar mais uma vez a jornada com a esperança daqueles tempos idos, quandos os olhos ainda se fechavam para sonhar, e não para fugir da presente realidade. Lá na felicidade das pequenas coisas que nos motivavam talvez esteja uma das chaves da superação: a esperança.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Cura



Uma explosão de cores
Um coração aberto
Pronto para novos amores
Luzes correm em volta 
Com os braços estendidos para o ar
A esperança se torna a única escolta
Pois caíram os temores
Rendidos pela harmonia
Seus lugares deram a outros senhores

Leveza como há muito não sentida
Chegou sutil, silenciosa
Quase não se fez percebida
Como a mudança de uma estação
Sem se anunciar, modesta
Faz nascer de novo flores no chão
E com lágrimas caindo pela face
Aqueles olhos antes tristonhos
Com tudo se encantam onde quer que passem

Grave como o ribombar de um tambor
Gentil como o som de uma flauta
Aprendeu que também é amiga a tão temida dor
Às palavras preferiu o silêncio
Pois sem à frente nada
Achou melhor ouvir o vento
E naquela noite tão escura
Com pesadelos vivos e medonhos
É que finalmente resgatou a alma tua

No frio acendeu pequena fogueira
Para sua surpresa a ela revelou
Que antes o abismo estava à beira
Voltou seus passos por onde vieram
Mesmo com o medo e a vergonha de admitir
Tantos equívocos para aqueles que lá atrás esperam

Vendo o quanto havia perdido
Continuou andando
Até que percebeu, que não precisava de nada daquilo
Desacelerou os passos, olhou em volta
Percebeu então que não era preciso correr
Pois o paraíso já estava à sua porta
Entregou-se então àquela paz
E sem pensar direito no tempo passando
Entregou-se à promessa de paz que somente a cura traz