quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Libertação



Envolto em seu casulo
Sem olhar para o tempo
Mera ilusão de ser apenas o seu mundo
Sua camada de solidão
Decorada com polígonos de cera
Era apenas uma disfarçada prisão

Ruídos vindos de fora
Identificou que eram vozes
Vozes que queria mandar embora
Pois aquele era seu espaço 
Que mesmo que limitado
Obviamente não era seu por mero acaso

E repetia dias assim
Sob a chuva ou o sol
Sempre a mesma rotina sem fim
E de alguma forma estranha
Aquilo não parecia tão especial
Pois tudo já tão pronto
Não parecia mesmo natural

Espiou um dia pela janela
E mal pôde acreditar
Alheios à realidade tão bela
Tantos outros como ele se deixavam ali parar
E de dentro de seus outros casulos tecidos
Serem muito especiais eles pareciam acreditar

Decepção primeiro lhe acometeu
Pois era apenas mais um iludido
A quem a cegueira até ali venceu
A revolta tomou conta
Tempestade de golpes contra tudo
Contra toda aquela fachada pronta

E agora sabendo que naquilo não havia nada de especial
Só receita pronta
Disfarçada de ideia genial
Largou-se pela grama que cobria o jardim
Viu uma formiga com uma folha
E percebeu que também era assim

Então partindo a observar
Resolveu não só viver
Mas também vivenciar
Caminhando pelas redondezas
O desconhecido dispôs-se a explorar
E sem planejar, pois assim é o natural de ser
Com uma vida realmente especial, ele pôde agora começar