quarta-feira, 28 de maio de 2014

Poesia



Mar contra a rocha
Exaurindo vida que quer por toda terra se estender
Uma pálida madrugada
Que para um novo dia quer crescer
Farol humilde na linha do horizonte
Acende e apaga, até que luz contínua de ti exala

Vento em meio à relva do campo
Líros belos, por quê estais em pranto?
Teceis teu novo ninho, ó bela andorinha
Voltem às praias longínquas, amigas gaivotas minhas

Despeça-se de mim mais uma vez, lindo sol vermelho
Leve para além daqui 
Espalhe a chama de vida por este mundo inteiro
Cante para as crianças, chuva mansa do telhado
Acalme os corações aflitos, seja as lágrimas dos injustiçados

Cubra os males do Terra sombra apaziguadora da noite
Faça descansar sobre uma cama
Aqueles que só têm nas mãos os calos de uma foice
Jogue suas folhas para o ar
Faça com que estas crianças inocentes
Tenham sempre com o quê brincar

Seja sempre distante, meu belo horizonte
Pois em ti é que me inspiro
E de ti que é que sou feito
Pois é eterna utopia
É uma bela e perfeita poesia
Que dentro de mim se fez adentrar
E nos dias de silêncio, em minha mente vem cantar

Seja essa leve de outra vida
Essa doce e gostosa ufania
Seja sempre esse grande mar
Onde à beira da areia eu poderei sempre me banhar
Em meios aos olhos tristes esteja a palavra a apascentar
Seja a paz daqueles que já não têm mais em quem acreditar

sábado, 24 de maio de 2014

Weitergehen



Die Erinerungen sind 
Eine schöne und herzliche Einladung
Die Gedanke liegen weitweg von hier
Komm mal, die Liebe hat noch kein Ort 
Kein Ort um sich zu halten

Es könnte besser werden
Es konnte eigentlich viel besser sein
Hättest du dieses Haus gelassen
Auch wenn da draussen die Sonne nicht scheint?

Es ist nicht eine Frage
Keine Lust diesen alten Garten zu sehen
Doch hätte ich es gerne gemacht
Es ist nur immer noch diese Stimme
Eine laute Stimme, die sagt:
"Was ist hinter, ist hinter
 Und was noch zu erfunden werden
Kannst du nur jetzt vorstellen
Du bist zu viel mehr geboren"

Ich sehe die Tage laufen 
Eine schöne Zeit nun geht vorbei
An den Grenzen meiner Nächten
Würde ich mit alten Blummen träummen
Und wenn der Tag sich neu macht
Ach, diese Sensucht kommt
Nur um mich zu erinnern
"Die warten immer noch auf dich"

Keinen Ahnung, habe ich trotzdem
An wenn genau sagt dieser süßer Wind
Der Seufzer der in Vergangenheit wartende Schätze
Oder die noch in meiner Weg liegen
Diese die noch warten
Um ein Teil meiner Geschichte zu sein

terça-feira, 20 de maio de 2014

Mãos abertas



Palavras podem ser pedras pontiagudas. Elas podem ser flechas, espadas, tiros de canhão, e também armas nucleares. Palavras, quando as proferimos, podem ser aquilo que desejarmos. Elas podem ser vida, ânimo, incentivo, e também compreensão. Cada uma delas carrega em si um sentido que irá determinar os efeitos que elas irão causar.
Assim são os gestos. Nossas atitudes, a forma como nos portamos perante o outro poderá criar ou destruir, levar adiante, ou puxar para trás. Sem medir as consequências daquilo que decidimos fazer, corremos o risco de sermos portadores de um mal doloroso, que só trará chuvas e nuvens aos céus alheios.
E isso inclui, também, nossa relutância em sermos nós mesmos. Ao nos fecharmos no cotidiano frio e gélido da polidez, perdemos o outro de vista. Ele passa a ser uma ilha distante, em um mar por sobre o qual não nos dispomos a atravessar. Mesmo dentro de casa, sempre há desculpas e invenções que nos fazem sermos, cada um, apenas um ponto brilhante no céu, uma estrela tentando se destacar mais do que as outras.
Quando aquilo que acreditamos ser certo ultrapassa a nossa capacidade de estar próximo do outro, então estamos vivendo à base de meias verdades. Quando aquilo que ouvimos no dia-a-dia é mais importante do que a voz da nossa própria consciência, significa que estamos perdendo a nossa ligação com a nossa própria referência em relação à vida. Ao taparmos os nossos ouvidos para o meio em nosso redor, perdemos a noção da realidade, de onde estamos e, pouco a pouco, daquilo que nós mesmos somos.
Em uma sociedade tão cheia de suas próprias certezas, qualquer coisa que seja distinta é como um teto de vidro sobre o qual serão lançadas todas pedras possíveis. Nesses dias, até mesmo enxergar um ser humano em meio às calçadas que nós mesmos sujamos se tornou um crime. Porque não queremos assumir nossos próprios erros, nossa própria falha em sermos menos egocêntricos. E qualquer um que se dispõe a possuir uma óptica diferente é um alienígena em meio a feras sedentas de sangue. Talvez todo esse desespero em ver sangue jorrando seja nada mais que uma súplica de nossas próprias consciências clamando pelo reparo do que fazemos todos dias.
Enquanto trancarmos nossos espíritos no conforto de uma rotina agradável, longe dos tons pueris que cobrem esse mundo "profano" e "sujo", não seremos verdadeiramente humanos. Se fechar em meio às próprias ideias é como ir a um jardim sem se aproximar de suas plantas. Espinhos, insetos e outros animais sempre existem nos galhos, mas mãos que não tocam as plantas não conseguirão trazer consigo o perfume de suas flores. Mãos fechadas não serão capazes de cultivar mudas, plantar sementes ou arar o chão. Elas serão sempre apenas uma única coisa: mãos fechadas envelhecendo com o tempo, enrugando-se em sua própria solidão.

sábado, 3 de maio de 2014

Horizonte



Nascer, viver em meio a um ambiente que, apesar de seus problemas, acolhe e te permite crescer. Olhar-se no espelho e ver apenas uma criança mirrada como qualquer outra, mas que no fundo tem super poderes e pode mudar todo o seu mundo. Ver nas histórias exemplos daquilo que se gostaria de ser, e aprender nelas que nem sempre decidimos o que irá nos acontecer, mas que temos o poder de decisão sobre o que fazer com o tempo que nos é dado. Aprender que amizade e amor existem em uma dimensão além do espaço-tempo, e que nas conversas de varanda estão as maiores lições da vida.
Entender que o amor pelo mundo não está expresso apenas em abraçar árvores, mas também cuidar para que elas tenham a liberdade de crescer. Saber que a vida tem suas idas e vindas, e que isso significa que ela estará em constante movimento, num dinamismo que temos sim de acompanhar. Crescer dentro de si a certeza de que muito mais do que aquilo que podemos ganhar, vale aquilo que podemos compartilhar, pois a perfeição estão no equilíbrio entre ter e ser. 
Ver as pessoas que seguem seus próprios rumos, suas próprias estradas e histórias. E saber que a cada batida na porta de um novo conhecido é a chance de semear um pouco a mais de simplicidade e simpatia. Em passeios por cidades, piqueniques em parques ou meras conversas de ônibus é que se constroem laços para a vida inteira. 
Ter o respeito por saber que abaixo de cada pele existe um coração que pulsa e anseia por viver. Independente de culturas, crenças ou localidades, o que se encontrará sempre serão pessoas, cujo universo pessoal também está a se expandir. E entrar em contato com elas é como viver constantemente exposto a big-bangs, pois cada encontro entre dois universos gera outro completamente novo, uma mistura de tudo aquilo que ambos são, gerando mais vida e mudanças.
Ver como as escolhas erradas podem levar ao comprometimento do caráter, e o quão baixos são os níveis aos quais se desce quando a ética se torna uma palavra vazia. Compreender que nem tudo aquilo que a distância entre poder e dever fazer algo é quase que uma medida do quão a fundo conhecemos o que significa, de fato, viver.
Tudo aquilo que experenciamos ao longo da vida serve para nos ensinar algo. Ampliar nossa mente, nossos pensamentos. O horizonte, já dizia um conhecido pensador, nunca deixará de estar lá longe, mas pensando bem, talvez seja exatamente essa a sua função: permanecer longe para sempre nos inspirar a caminhar. Porque nessa infinitude que é a vida, por mais longe que andemos, sempre haverá uma tarefa a mais para fazer, um passo a mais para dar e um sonho a mais para realizar.