sábado, 18 de junho de 2016

A dama solitária


Fluida, cristalina como a água de um rio
Bela, solitária como uma mãe que se perdeu de seu filho
Caída, sua face contemplava o amanhecer enevoado
Versos porém que se encontravam perdidos no passado

Contavam histórias antigas, histórias de amor
Não de paixões passageiras, dessas que se cura a dor
São aquelas marcas eternas, invisíveis sob a pele
Enrijecem o coração, como desde muitos dias já se assentou a neve

Estava apenas em meu caminho
Mas me surpreendi, e fiquei ali sozinho
Pois como um pobre pássaro dentro da gaiola
Ela chorava sua tristeza àquela hora

Com coração apertado
Me emudeci e pus-me ali sentado
Entre suspiros profundos
Em tristes e arrastados minutos

No peito o coração se apertou
E um nó na garganta se alojou
E eu que não conhecia sua história
Senti como minhas aquelas memórias

Senti o toque frio do vento
Imaginei desde quando ela estava ali ao relento
E ao mesmo tempo triste por em tal tristeza vê-la
Uma parte de mim não me deixava interrompê-la

Me deixei apenas escutar
Vez por outra enxugando uma lágrima que vinha a brotar
Seguindo seu compasso melódico
Que simples e puro se fazia até mesmo perfeitamente lógico

 Então sua voz parou, e de repente em mim seu olhar veio repousar
Olhar deveras triste, mas onde por um momento uma luz se fez lampejar
E sem palavras ela com um leve sorriso me contou
Seu alívio por ter alguém que a escutou
Sem mais dúvidas então, com o mesmo sorriso de volta a entregar
Minha alma foi de encontro à dela um abraço entregar