quinta-feira, 28 de março de 2013

Palavras ao vento



Não me recordo de, em nenhum outro momento de minha vida, ter visto tanta discussão a respeito de diferenças. O tema central dessa vez é apenas um, mas ele é só a manifestação de um só comportamento. O efeito de nossas crenças é tamanho, que nos fechamos a ver que no outro há alguém, e não algo.
Cada um tem o direito de ter sua opinião. E debate é algo sempre proveitoso, porque é com pessoas diferentes que aprendemos. O problema é a imposição. É de fato maravilhosa a sensação de estar ajudando alguém, mostrando que há outros caminhos, outros rumos, sejam eles quais forem. Mas isso não se faz com ataques. Não é com ofensas que se consegue elogios. Independente de qual lado se esteja na mesa de debates, não é tirando o chão do outro, que se chega a algum lugar. Quando se taca pedras nos lares alheios, por mais que hajam casas melhores para habitar, a reação sempre será de defesa, pois sempre iremos proteger o que temos. Falar é lindo, levar uma mensagem é uma missão nobre. Mas para isso é preciso paciência, tolerância e respeito. 
Porque mesmo com essa atitude, é difícil entender os contextos alheios. Temos a mania de falar "eu te entendo", mas não, não entendemos. Só quem está sob a pele que passa pela mesma situação pode entender o que de fato acontece. Não precisamos aprovar tudo que vemos, mas não temos o direito de condenar quem quer que seja. E o que tem gerado conflitos não é necessariamente o que tem sido defendido. E sim como. Porque com uma voz ignorante, um tom arrogante e palavras espinhosas não se chega a lugar nenhum, a não ser à discórdia e desunião.
E, sendo sincero, com o mundo na situação atual, isso é o que menos podemos fazer.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Adiante


"Mas eu não tenho pressa
Já não tenho pressa
Eu não tenho pressa"


Preto e branco. Assim se torna a vida quando caímos na mesmice dos dias de luta. Seguir adiante, passo a passo, já tão acostumado ao ambiente hostil, que já não faz mais diferença entre ser ferido, ou ferir. Se entregar a um cotidiano sucumbente, que não nos mostra mais o que é a vida, só nos faz morrer, pouco a pouco.

E é por isso que não devemos nos acostumar com o pouco que podemos ter. Seja qual for a sua realidade, a vida foi feita para aprender, lutar, mas também para ser feliz. Nem que seja pelas gotas de chuva que caem no nosso rosto, ou a doce sensação de liberdade que um passeio de bicicleta dá, enquanto o vento passa por seu rosto. Porque somente quando somos livres para as pequenas coisas, é que estaremos prontos para estar livres para as grandes.

Se libertar para ser você mesmo, traz a paz de saber que nada mais importa. Apenas o seu destino, e ninguém mais pode intervir nele. Não importa quem seja, de onde seja, porque as pessoas sempre dão rótulos e limitações a tudo e todos. E só cabe a cada um decidir o quão longe quer andar. E construir novos caminhos é um exercício diário, aberto apenas para aqueles que sabem o que significa a palavra persistir.

E após tantas dores, e tantos sacrifícios, sempre chega a hora de parar, olhar para trás, e ver o quão longe estamos. Por mais difícil que seja a subida, são os lugares altos que nos mostram o que existe em redor, bem como os caminhos que vão longe, até sumirem no horizonte, com todos os seus mistérios, promessas e surpresas.



terça-feira, 5 de março de 2013

Sobre raízes, árvores e frutos



E depois de tantos erros, perceber que já não se é mais o mesmo. São tantos detalhes e  pequenas coisas, que no final acaba se mostrando como sendo grandes coisas. Cada detalhe é a peça do quebra-cabeça da existência, e sem uma só peça, o quadro fica todo incompleto. 

Viajamos por essa estrada chamada vida, e cada passo é uma decisão pelo caminho que seguimos. Uma chance para seguir, uma chance para voltar atrás, depende apenas do que queremos para nós. E, ao entrar nas sendas escuras de vales sombrios, aprendemos que muito mais do que queremos, existe o que devemos buscar. 

Sem um norte, somos ovelhas perdidas em um pasto de lobos. Não importa o quão astutos, inteligentes, versáteis e adaptáveis sejamos, nos campos incertos da vida há sempre uma armadilha para cada tipo de incauto. Evitá-las é nada mais que evitar a perda de tempo na cura de feridas que nós mesmos nos causamos por nossa imprudência.

Somos como árvores em uma floresta. Nascemos para crescer, ter folhas, flores, e gerar frutos. Mas ainda assim somos apenas árvores. Não importa o quão vistosa ela seja, não importa quão lustosos sejam seus frutos, toda árvore precisa uma parte em especial, que foi a origem de tudo: suas raízes. Sem raízes, somos apenas alvos para as intempéries da vida, apenas pedaços tolos de vida prestes a desmoronar em nosso próprio orgulho. Assim, toda árvore que realmente cresce neste mundo firma-se muito mais em suas raízes, do que na busca pelo céu que está acima de si. Porque tudo que ela precisa está no chão onde ela se firma, e o resto é apenas consequência.