domingo, 28 de agosto de 2011

Obediência

Hoje se fala muito na questão de obedecer ou não. Obediência aos pais, a Deus, às leis... Toda uma rede de contextos e regras, nos quais devemos demonstrar que somos obedientes à ordem vigente. Mas, falando em termos mais simples, em quê consiste ser obediente?

Tudo começa pelo respeito. Porque não como ser obediente sem haver respeito. E este é muito diferente do medo. Ao contrário de quando se tem respeito, o medo leva à fuga, ao confronto contra aquilo que nos ameaça. E isso gera boa parte dos conflitos atuais. Pais que querem que os filhos os temam, confundindo isso com ser respeitado, e filhos que também fazem o mesmo. Não há como ser obediente a alguém que você contesta desmedidamente. É natural levantar questões, mas na hora certa, e do modo certo. Todo confronto direto gera impacto. A própria física mostra isto.

Outro ponto fundamental para a obediência é a abnegação. Ser obediente não é fácil. Porque muitas vezes requer negar a si mesmo, admitir que o que se pensava, era ou sentia não é o melhor para si. Em todos os relacionamentos em que há a obediência, essa talvez seja uma das maiores paredes a demolir. E quando se pensa na relação com Deus, é então que vislumbramos toda uma miríade de situações que são ocasionadas devido a isto. Não queremos abrir mão do que somos por nada neste mundo, e também pelo que está além dele.

O grande problema consiste no fato de que achamos que estamos fazendo isso pelo outro. Então fica realmente difícil. Além de não querermos mudanças, há também a questão do ego, que reluta em sair do seu ponto central de fonte da verdade. Mas uma coisa que devemos sempre ter em mente, é que não fazemos nada senão por nós mesmos. 

Ser obediente não é uma atitude que devemos ter porque nos dizem que assim deve ser. Ser obediente deve ser uma atitude nossa porque sabemos que alguém está além de nós e, portanto, sabe o que é melhor. Não quer dizer também que iremos seguir passivamente como ovelhas sem reação. Só iremos saber a hora certa de fazer perguntas e, mais que isto, saber fazer as perguntas certas. Do contrário, surgirão tantos questionamentos que iremos simplesmente nos perder em uma teia de perguntas que não podemos responder.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Chegada

Não sei como descrever
Só sei que sinto um calor aconchegante a meu coração aquecer
Não sei como falar
Mas mil sensações fazer minha espinha se arrepiar
Estive por tanto tempo
Olhando pela janela e sentindo o toque do vento
Onde você esteve
Esse grito não se conteve
O que importa agora
É que é chegada a hora
E vejo que não foi você quem saiu
A única verdade a ser dita
É que enfim a porta do meu coração para você se abriu
O verdadeiro lugar para que habitaste
Com Tuas santas palavras, a minha alma acalentaste
Sinto o choro subir
Em minha garganta um nó amarrado a persistir
Quero para sempre este momento viver
E qual fogo que renova, a minha alma está a preencher
Não sei o que, neste momento, eu devo dizer
Porque tudo que sei, é que Tua face eu finalmente vim a conhecer...

domingo, 21 de agosto de 2011

Telescópio


 Em 1609, Galileu Galilei aperfeiçoava a luneta de Hanz Lipperhey, holandês que deu o primeiro passo para a exploração dos céus com instrumentos mais sofisticados. Mais que um avanço tecnológico, modificou a forma de ver o mundo, o Universo, e nossa própria condição como habitantes deste infinito que abriga todas as coisas que existem.

Ao apresentar sua nova invenção aos religiosos da época, Galileu vivenciou uma experiência extremamente interessante. Apegados às próprias verdades e dogmas, estas pessoas se recusaram a acreditar em Galileu, recusando-se inclusive a olhar pelo telescópio, para que não se confrontassem com a inegável verdade que se revelaria diante de seus olhos. Para não serem obrigados a rever suas ideias, crenças e dogmas, simplesmente condenaram a obra daqule homem, que teve, posteriormente, que retratar-se e viver sob prisão domiciliar. Hoje podemos ver o grande erro cometido naquela época, e como este erro foi grave, podendo eliminar as ideias de um dos maiores estudiosos da história.

A questão é que muitas pessoas daquela época concordavam que Galileu estava errado. Já havia dogmas instituídos, e qualquer ideia que fosse contra aquele sistema, era imediatamente eliminada. Pensamos que isto é errado, que estas pessoas eram atrasadas, e que precisavam ver coisas novas no mundo. Mas nós mesmos não agimos desta maneira?

Muitas vezes não aceitamos o que é a verdadeira realidade, nos recusando a ouvir quem fala, ver o que se desdobra diante de nossos olhos, e tocar as novas paredes que se erguem no lugar daquelas que se desfazem em ruínas de ideais demolidos. Pior que não saber é não querer ver, e persistir em um lugar quando se sabe que há a estrada inteira à frente.

Muitas vezes, consideramos que temos 100% de razão, e não aceitamos qualquer discussão daquilo que acreditamos ser certo. Isso é colocar-se no pretencioso lugar de dono da verdade, do qual estamos bem longe. 

E não só com relação ao que outras pessoas nos dizem, muitas vezes negligenciamos até mesmo nossas próprias realidades, sejam elas pertencentes ao mundo que nos rodeia, ou ao nosso próprio mundo interior. Por não aceitar que aquilo seja real, nos fechamos no cofre seguro da intolerância, para esquecer que existe, deixando os fantasmas presos lá dentro, até que eles escapem, atemorizando o nosso presente, por não termos lidado com eles no passado.

Não só o que existe dentro de nós, mas também o que há no mundo em nosso redor, nós precisamos aceitar as realidades que nos cercam. Não há como haver mudança quando não acredita que ela se faz necessária. Para agir e interagir com o meio, as pessoas ao redor, é preciso aceitar como elas são, aceitar como as coisas ocorrem e, então, agir em cima do que existe de fato.

Porque enquanto quisermos apenas enfrentar máscaras, que criarmos ou forem criadas para nós, não mudaremos nada. Todos os nossos esforços se esvairão em colunas de fumaça, enquanto o que inventamos queima no fogo da verdade, verdade esta que nos atingirá implacável um dia, quer queiramos ou não.

Assim, não cometamos o erro, o grande erro de não olhar pelo telescópio. Porque senão vamos deixar de ver o maravilhoso mundo que existe lá fora, e perderemos a noção do nosso verdadeiro lugar dentro desse grande universo que nos envolve. Este universo que é a nossa casa, o coração de quem nos ama, e sobretudo as grandes profundezas dos nossos corações...


domingo, 14 de agosto de 2011

Caminhos

 hoje eu ando por aqui
e nesta estrada desde muito tempo segui
o fato é: será que é certo tudo isso que vivi?
as palavras me fogem ao ver o horizonte
pois está tão longe que não consigo ver teu fim 
mesmo em cima do mais alto monte

estava a me perguntar
quem iria me salvar
e como desse estado sair
tudo aquilo passou
quando a Tua face sagrada eu vim a descobrir
obrigado Senhor,o Teu amor me fez voltar a existir...



Observo o mundo. E vejo como é interessante, como são perfeitas as trilhas criadas para cada um. Ao indivíduo, existe um plano, uma meta, uma estrada. Nem sempre temos a coragem de seguir adiante, e é por isso que Deus está ao nosso lado. Para que possamos ir muito além do que jamais imaginaríamos ser capazes.

E é por isso que devemos apenas no ajudar, respeitando o que cada um deve passar. Julgar o que outros fazem, pode ser um decreto de queda. Ainda que o caminho que trilhamos possa ser o nosso lugar para vencer, para outra pessoa pode ser uma estrada para a perdição. A cada um Deus coloca o que lhe trará de volta para Ele, e nada mais. E não cabe a nós decidir o que vai ser melhor ou pior para aquela pessoa.

Se soubéssemos tanto a respeito da vida e do que deve ser feito, vivido e ensinado, nós mesmos não cometeríamos erros. Ainda que por um bom motivo, nao desvie alguém de seu caminho, a não ser que Deus fale contigo. E, se o fizer, faça de forma branda, sem brutalidade, para que a pessoa não se veja só em um local desconhecido, abandonando-o para nunca mais voltar, por não saber para onde ir.

Não tenha medo de tentar novas trilhas. Não tenha medo de errar. Uma frase mexeu comigo nesta semana que se passou.

"Deus não se importa com quantas vezes você vai cair. Para Ele, importam quantas vezes você estará disposto a se levantar..."

Antes um erro cometido, que uma omissão desmedida. Não tentar é errar duas vezes. Por não seguir adiante, e não ter a fé de que o melhor sempre acontecerá, ainda que nós erremos. O maior acerto de todos, é saber que não devemos ser exemplo para ninguém. Porque nós seguimos um exemplo, e o que tentamos é apenas ser um reflexo dele.

Ontem, no metrô, presenciei uma cena incrível. Um homem estava a pregar a Palavra de Deus dentro do metrô. Ele falava, e ninguém ouvia. Todos estavam de ouvidos tapados. O pior, é que ligaram para reclamar dele. E ele foi preso, retirado de dentro daquele vagão. Apenas 3 pessoas saíram em defesa dele.

Quem quer que tenha ligado, tem de entender uma coisa. Aquele homem estava em uma missão. Não tinha o direito de revogá-la, apenas quem a confiou a ele, poderia ter feito isso. Porque ele foi enviado para mudar vidas. Ver aquele homem simples, com palavras simples, a divulgar sua fé, sabendo do que poderia e ia acontecer, foi inspirador. Nada como uma prova de fé para mostrar que este mundo tem jeito.

E, apesar desse evento lamentável que aconteceu, este homem pode ficar feliz, e sentir-se realizado.

Ontem, sábado, dia 13 de agosto de 2011, ele fez um milagre.
 Ele mudou a minha vida.

sábado, 6 de agosto de 2011

Quietude

"E aconteceu que, acabando Jesus de falar, a multidão se admirou da sua doutrina;
Porque os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas."
Mateus

O alcance da palavra é reflexo da maneira como a semeamos. Ela não deve ser jogada de qualquer modo, em solo infértil, ou sem o devido preparo, para que frutifique. Da mesma forma, deve receber todo o cuidado possível até que germine e possa crescer por si só. Do contrário, é tempo perdido, obra não consumada, vida não modificada.

Hoje vemos uma necessidade extrema de fenômenos, mudanças instantâneas, tudo palpável e perceptível aos nossos grosseiros sentidos. Porque essa é a base de nossa fé. Ela está no que podemos sentir. E, sem isso, não há verdade em nada que é dito, feito ou vivido. Somos a geração das sensações, sejam elas quais forem. Tudo deve ser vivido ao extremo, inclusive a presença de Deus. Ao contrário do que muitas vezes acreditamos, Deus não precisa ser invocado. Ele jamais se aparta de nenhum lugar. O que acontece é que nós é quem não queremos lhes dar ouvidos.

Onipresente, onisciente. Ele sabe de tudo, está em todo lugar, e nós é quem precisamos ver isso. Porque a todo momento Ele tenta nos alcançar, nos modificar, e nos levar para adiante. A proximidade que necessitamos estar Dele não é física, e sim espiritual. Mais que à Sua imagem, nós devemos nos tornar à Sua semelhança. Isso é um exercício diário, uma vida a ser dedicada no trabalho de construir algo melhor dentro de cada um de nós e, também, daqueles que estão perto de nós.

Desejar que isso aconteça de um hora para outra pode nos levar ao fatal erro de crer que tudo que estamos fazendo é correto, impassível de erro, guiado por Deus. Porque quando fazemos isso, imperceptivelmente estamos apenas criando uma nova maneira de sermos guiados pelo nosso próprio ego. Viver a palavra de Deus é trabalho árduo, que envolve muita abnegação, inclusive de nossas ideias pequenas e carregadas de nosso próprio orgulho, qual erva daninha a sufocar as videiras que surgem dentro de nossos corações.

Alcançar vidas não é tarefa fácil. Nem se faz isso à força. Apenas com a paciência, o amor e a sabedoria que Deus nos dá é possível vencer um coração envolto em uma máscara de pedra. Qualquer outro tipo de atitude pode acabar se revelando um atentado violento àquele indivíduo que se está a buscar. Cada um tem seu próprio tempo, e é necessário respeitá-lo. Este é o ensinamento de Jesus, que fôssemos pacientes, e tivéssemos mais amor uns com os outros.

Nenhuma conquista verdadeira se dá de forma fácil. E conseguir chegar ao coração de um irmão não é tarefa simples. É preciso entender, respeitar e, ao mesmo tempo iluminar as trevas que possam existir dentro daquela pessoa. Isso sem agredi-la, dando o devido tempo para que ela possa assimilar o que estamos querendo fazê-la ver.

Paciência? Bom, quando ela faltar, pode ser que ajude saber que há mais de 2000 anos existe alguém que pacientemente espera que entendamos as simples palavras que Ele disse. Não é muito esforço que tentemos esperar um pouco mais para que alguém que está preso em redes de escuridão possa se libertar. É apenas um favor que fazemos a nós mesmos. Porque nesse meio tempo, aprendemos muito mais do que teríamos conseguido sozinhos.

E essa é a perfeição dos planos de Deus.

Assim, quando houver aquela tremenda vontade de gritar, e dizer "umas poucas e boas", lembre-se que a quietude é a voz que soa mais alto, sem cansar o dono da mesma. Permanece viva, ecoa no interior dos corações, gera a dúvida que leva ao questionamento do porquê e, por fim, à verdade. E, quando algo é verdadeiro, não é necessário que haja exaltação.

Porque a verdade é quem exaltará aqueles que nela viverem com sinceridade...

Mudança

"Für immer
Für immer ist es nicht
Nichts ist für immer
Für immer..."

Silbermond 


Este é um novo mundo
Dos altos montes ao vale mais profundo
O que tenho é recém-chegado
E o que faço ainda não foi testado
Letras juntam-se em palavras novas
E caminhos se desdobram com desconhecidas provas
Piso em novo lugar
Há uma sombra de nuvem a me apascentar
E dentro de mim uma tímida chama começa a se levantar
A cada dia, descubro algo novo ao acordar
Como se mil histórias por dentro de mim resolvessem navegar
Cruzei o limite ao sul, e persiste esta boa esperança
E agora comtemplo a linha do horizonte com os olhos de uma criança
Sei que tenho muito a aprender
E já sinto o abraço, nesta nova companhia quero permanecer
Estas novas terras nas quais me lanço a caminhar
Ou talvez seja só um velho eu
Que pela última tenha acabado de respirar...