quinta-feira, 26 de maio de 2011

Violência

Em qualquer lugar que se olhe hoje, veremos violência. Aprendemos muito bem as diversas maneiras de violentar o outro, e praticamos sempre, até mesmo sem perceber. Somos o mundo da guerra, onde o medo impera sobre todos que se atrevem a pensar a respeito da realidade. O que está além dos olhos, é sentido, tocado, e pode ser ouvido. Porque sabemos que está lá e, inevitavelmente, uma hora irá nos atingir. Sair pelas ruas sem ter certeza da volta já virou uma frase clichê na nossa sociedade. E isso é a decadência da atitude humana, porque consideramos normal que vejamos pelo menos uma notícia violenta todos os dias. Estamos ficando embrutecidos, e os corações estão enferrujando, porque não sabem o que é amar o próximo, se esquecendo das lições que já foram ensinadas a nós. Essa rebeldia contra o outro só nos levará mais e mais ao fundo do precipício e, a cada momento que não reagimos a ela, mais difícil será o retorno. Toda essa confusão, esse medo, envolve, consome, e por fim destrói. Não estamos vendo, ou não queremos ver, que estamos corrompidos, quebrados, e precisamos ser restaurados. Cada qual decide o que quer, ainda que isso o leve a caminhos que nunca desejaria a seu pior inimigo. E enquanto a soberba guiar os nossos passos, haverá sempre a violência contra o outro. Porque ela é a manifestação externa daquilo que estamos fazendo com nós mesmos. E para acabar com ela, tudo começa lá, dentro, onde estamos todos em conflito, entre o que é certo e o que é fácil...

sábado, 21 de maio de 2011

O Toque de Midas (Parte II)

"I'm looking down now that it's over
Reflecting on all of my mistakes
I thought I found the road to somewhere
Somewhere in His grace..."
(Creed - One Last Breath)


Aviso: antes de ler este texto, leia a parte I, postada anteriormente.

Corro, busco, nada encontro. O que há é apenas este amarelo metálico, que já cansa meus olhos com seu brilho sme vida, emoção ou expressão. O cúmulo do embrutecimento, o auge da desumanificação, pois na minha loucura imortalizei todas as faces em tons de dourado, para que jamais se apartassem de mim.

Choro, e o desespero me assalta em soluços de amargura. As lágrimas rolam, caindo no piso amarelo que decorei para mim mesmo. Então, no auge de minha dor, eis que eu me sinto tocado. Novas emoções me dominam, e aquela culpa desmedida desaparece. Fica apenas uma certeza: a certeza do perdão.

É assim que eu vejo que nem toda vida se foi, pois não me foi dado poder para tanto. Encontro um martelo e um cinzel, removendo aquela casca sem sentido que adicionara a todas as coisas. E, como golpe final para meu ego, descubro que não havia mudado a essência de nada. A única essência que jamais seria a mesma era a minha.

E, sinceramente, Te agradeço por isso.

terça-feira, 17 de maio de 2011

O Toque de Midas (Parte I)

"Please come now, I think I'm falling
I'm holding on to all I think is safe
It seems I've found the road to nowhere
And I'm trying to escape..."
(One Last Breath - Creed)



Imagem presente em: http://pompiliovivarelli.wordpress.com/category/dor-escultura/




Vejo o mundo, que mundo é este? Mundo selvagem, mundo rebelde. Não há riqueza, não há tesouro com valor. Quero transformar-te, fazer-te resplandescente aos meus olhos. Onde estão a nobreza e a classe? Pois desclassificados são todos os teus frutos, apenas matéria-prima embrutecida diante de meus desígnios.

Eis que uma dia desperto, e posso transformar-te. O ouro se revela diante de mim, e finalmente tenho por ti apreço. Tuas árvores, dantes apenas obstáculos em meu caminho, agora são jóia rara perante o resto do mundo, e observo atônito minha própria criação.

Prossigo, na minha missão de enobrecer e dignificar esta bruta essência que a ti compõe. Alheio às minhas atitudes, pois quem as comanda já não é mais eu, e sim meu orgulho, prossigo e, pouco a pouco perco a noção do que é ter escrúpulos.

Chega, então, o almejado momento: finalizei minha obra, fazendo todo de ouro, todas as coisas que estavam ao meu alcance. E, ao contemplar minha grandiosa obra, a realidade me acerta certeira.

Não há mais som, pois corrompi tudo que toquei, e fiz desaparecer de perto de mim todas as coisas que tinham o menor sinal de vida. E agora, contemplo apenas o caixão amarelo que construí para mim mesmo.

CONTINUA....



sábado, 14 de maio de 2011

O primeiro passo



Dentre os maiores desafios da vida, um deles é de ter coragem para começar. A gradiosidade do caminho à frente, os perigos que podemos encontrar, por vezes paralisam a nossa alma, e permanecemos no mesmo lugar, decidindo se vale a pena mesmo seguir em frente. Mas uma hora teremos que decidir. A indecisão não leva à frente, muito pelo contrário, paralisa. Enquanto nos encontramos na nossa floresta de dúvidas e incertezas, o caminho está lá, inteiro, a ser percorrido. O maior medo não deve ser de dar o passo, e sim de ficar parado. Falar é fácil, a ação é o desafio. Mas o que importa mesmo, de verdade, é estar em movimento. Não importa em qual ritmo, desde que esteja em seu melhor. Afinal de contas o caminho só é percorrido com um passo de cada vez, e a velocidade, bem, a velocidade é apenas a demonstração de sua força de vontade. Começar por caminhos pequenos é sempre um ato de sabedoria. E, assim como as grandes construções só permanecem de pé porque têm uma sólida estrutura interna, o ser vivente só terá uma estrutura interna sólida quando começar a percorrer aqueles diminutos caminhos dentro de si mesmo, que ao longo do tempo somar-se-ão, formando uma base sólida, inquebrantável. Estar sempre em movimento é a lei da vida, sempre adiante, sem se preocupar com o fim. Até mesmo porque a grande vitória não é simplesmente chegar ao destino, e sim superar todos os desafios que estavam entre você e ele.

[Repostagem de texto presente no blog thewanderersoul]

terça-feira, 3 de maio de 2011

Respeito

Quando se fala em respeito, logo pensamos naquele monte de palavrinhas mágicas: com licença, obrigada, por favor, desculpe.

É importante, sim, mas será que é só isso mesmo?

A desumanificação do próximo tem sido uma das características mais presentes na história da humanidade. O outro não é um ser. É uma coisa a ser exposta, vendida, alugada, até que não tenha mais valor, e seja finalmente descartada.

Hoje vemos como podemos ser mesquinhos, desumanos, imorais. O próximo é uma fonte de nossos desejos, sejam eles quais forem. Se queremos rir, expomos o outro ao ridículo, diante de câmeras, ou até mesmo de nossos grupos pequenos de convivência.

Se queremos tentar sanar nossa falta de amor, "alugamos" o corpo de outra pessoa, como se fosse uma propriedade a ter um valor fixo. É o mercado dos prazeres, no qual o que vale é quanto se tem para pagar, porque tudo tem um preço.

Toda vez que rimos daqueles vídeos "hilários" que passam no domingo sobre alguém que deu um fora na frente de uma câmera, alimentamos isso. E nos alienamos. Porque não vemos um alguém. Vemoz uma piada, e uma piada de muito mal gosto.

Hoje, tivemos um exemplo clássico do que é ver o outro como alvo. Comemoramos um assassinato. Como somos racionais não é mesmo?

O mais incrível nessa história toda não é que comemoramos apenas o assassinato de outra pessoa. Comemoramos, também, o assassinato daquele pouquinho de humanidade que custamos para criar dentro de nós mesmos.

Se a morte fosse a solução para todas as coisas, com toda certeza eu não estaria escrevendo aqui neste momento, e muito menos o meu leitor estaria lendo este texto. Mas a vida não é feita de decisões e caminhos fáceis.

Os caminhos fáceis são aqueles que levam à morte. E hoje isso foi comprovado.


Literalmente.