domingo, 24 de julho de 2011

Olhando para o mundo, as pessoas, o que é a fé? É estar dentro de uma rotina de ações e práticas, que mecanicamente são repetidas, e não nos levam a nenhum confronto com o real, começando dentro de nós mesmos? É estar cercado, dentro de um círculo inatingível, onde fantasiamos desafios, enquanto as verdadeiras obras estão todas paradas, sobretudo a reforma dentro de nós mesmos?

Fé é um sentimento, e este sentimento é expressado em uma vivência. Não é exprimida em palavras, imagens, apenas em ações. Requer abnegação, e também obediência. Ter a certeza de que o melhor está sempre acontecendo, ainda que não seja o melhor que tenhamos construído para nós mesmos.

A fé não é cega. Ao contrário, abre os olhos. Se alguém fala a respeito de "fé cega", está cometendo um grande erro. Pois isto ao qual essa pessoa se refere é pura e simplesmente uma máscara, um mecanismo de defesa contra o aprendizado. Apenas uma das várias formas que usamos para tapar os nossos olhos, evitando a visão do mundo real que existe lá fora, naquele temido território além dos limites da nossa capacidade de compreensão.

A fé é uma, e o que nos divide são os sistemas que criamos, esses muros de ignorância que levantamos em torno de nós mesmos. Até quando? Até aprendermos, pois Deus não nos força a nada e, até lá, Ele apenas cuida para que não sejamos consumidos pelos monstros que nós mesmos criamos. Até o momento que aprendamos a verdadeiramente ter fé, e pararmos a rebeldia que temos contra os planos que estão prontos para nós, planos estes que só esperam por nós para que se encaixem em perfeita sintonia dentro de nossas vidas...

terça-feira, 19 de julho de 2011

Nova Era

Tudo começa e termina aqui
Este alimento, me dá força e por isto eu segui
Os passos são os primeiros, e ainda olho para trás
Mas o vislumbre do futuro, de caminhar me torna capaz
Um ciclo se fecha, nova era se inicia
E agora paro e penso: onde estive que não vi a luz do dia?

Antes de vencer, é preciso se perder
E do fel amargo deste cálice, muito ainda terei de beber
Mas não existe nada além da verdade
E todas as vitórias são agora mais que mera possibilidade
Sinto que já estive aqui
um deja vu de todos os erros que já cometi

Estendo as minhas mãos
Numa súplica surda, sim preciso do Seu perdão
Sou anjo caído, apenas ramo desfalecido
Por esta porta eu quero entrar
E nas minhas lágrimas irei me lavar
Para que a Tua face, seja capaz de contemplar
E no aconchego do Teu amor, eu possa me abrigar
Pois é somente assim, que minhas feridas irão sarar...

terça-feira, 12 de julho de 2011

Certo x Errado

O que mais procuramos definir ao longo de nossas vidas é o que é certo, e o que é errado. Queremos definir padrões, regras e modelos, que guiem exatamente, parametrizando tudo aquilo que faremos. Esquecemos de que as coisas são relativas, que cada ato é único, e o porquê dele ser feito é a sementeira de todos os frutos que colheremos.

Temos vários padrões que estabelecemos ao longo da vida. E, por fim, eles acabam por se contradizer, se destruir, se atracar, e por fim, nos deixar sem rumo. Porque afinal, todo sistema que estabelecemos tem um ponto de contradição, e um dia inevitalvelmente esse ponto vai resultar em uma explosiva separação entre o que cremos e o que é verdade. Mais que fantasmas que assombram os incautos, existe uma verdade que não prende a nenhum sistema, nenhum padrão, e que acolhe cada um como este é.

Não quer dizer, claro, que não devemos deixar para trás aquilo que não servirá em nossa caminhada. Mas teremos a compreensão dessa falta de necessidade e só então conseguiremos dispôr do que devemos, no tempo certo, sem que nós mesmos não paremos e fiquemos para trás, presos a algo que ainda não estávamos dispostos a superar e esquecer.

É isso que faz os planos de Deus tão belos. A verdade é que eles são traçados para que façamos todas as coisas, para que deixemos aquela bagagem inútil, no tempo que formos capazes. Nada nos será arrancado à força, pois deixaremos para trás essas velharias tão naturalmente quando trocamos de roupa

E talvez seja isso mesmo. Porque quando fazemos isso, estamos trocando o que nos cobre, por algo que, naquele momento, vemos que vai nos proteger do frio, da chuva, de todas as adversidades do caminho. E é aí que devemos estar prontos para usar muito mais que a razão para analisar. Não há padrão certo para definir o que vai funcionar ou não. Isso só nos é revelado no momento exato que vamos precisar. Por isso devemos confiar, porque algo que julgávamos inútil, algo que jogamos fora quando não devíamos, pode ser a única solução que poderíamos ter.

A vida não é feita de planos que se concretizam segundo previsões, planos e realizações. Ela atinge seu auge quando nos confrontamos com o desconhecido, aquela caverna escura que surge no meio da mata da existência, e nos convida a entrar para conhecer mais a fundo a natureza de viver. E aceitar o desafio é a melhor maneira de aprender, porque enquanto não fizermos isso, iremos caminhar apenas na superfície da existência, enquando existe toda uma profundidade a descobrir, onde iremos, dentre outras coisas, aprender a valorizar de verdade o calor da luz do dia...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Encontro

Estive pensando
Estive caminhando
Observei a paisagem
E estou vendo que não passava de mera imagem

O lugar onde estou é cheio de espinhos
Sarças e urtigas molestam todo meu corpo
E vejo que sou apenas um dentre os vários que vagam sozinhos
Esse ser sem rumo, que da imagem original é apenas escopo

É engraçado como certas coisas vêm e vão
Mas o que importa é que elas são definidas por intensidade e não pela duração
Porque tudo é eterno enquanto dura
Quando a vivência é experiência simples e pura

Hoje acordei de manhã
Estava à beira da janela me perguntando se minha mente ainda era sã
Cheguei ao final da tarde
E meu espírito estava revolto em uma grande tempestade

Quando decidi sair,
Sabia que completo não sairia daqui
Porque metade de mim ficaria para trás
Ou então haveria um fantasma a me perseguir, que não me daria um segundo de paz

Senti o furor
E por um tempo o mundo não terá cor
As páginas rolam sem acréscimo
E o livro da minha vida apenas continua,
Enquanto sigo os passos que me tirarão deste deserto
E tentando fazendo minha vida ser apenas Tua

Aqui estou
E aqui foi onde me deixou
A busca continua
Eis aqui a minha face nua

As minhas máscaras caíram
Por dentre os buracos no chão elas sumiram
Me viram como sempre existi
Este lado obscuro que sempre quis que saísse daqui

Mas foi a grande revelação
Que me trouxe a nova inspiração
O grande espanto
Me deu um novo recanto

Estão aqui
Agora posso sentir
Nesses braços quero sumir
Uma nova pessoa, quero deixar surgir

Aqui estou
E é agora que eu vou
Neste caminho eu irei me atirar
Mesmo que para isso, todo meu coração eu precise despedaçar...

sábado, 2 de julho de 2011

Divisão de um Reino

Pois todos nós fomos batizados em um Espírito,
formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos,
quer livres,e todos temos bebido de um Espírito.
1 Coríntios 12:13

Somos todos filhos de um mesmo Pai, todos pertencemos a um mesmo Reino, a uma mesma nação. Biblicamente, estou certo, e todos concordarão com isto. Mas será que realmente expressamos isso em nossas atitudes, nossa postura em relação aos nossos irmãos?

É muito recorrente que nós, por termos absoluta certeza daquilo que cremos, daquilo que temos por imutável, que não aceitemos qualquer tipo de diferença. Sim, é muito belo defender o que acreditamos, mas devemos saber que nem tudo que nos é passado pode ser verdade. Todos somos humanos, e temos uma certa tendência que nos leva a corromper o que tocamos, porque queremos sempre moldar as coisas ao nosso jeito.

E nos fechamos. Não admitimos nada que seja diferente, porque aquilo não corresponde com a forma como vemos as coisas. Colocamos o que cremos, e tomamos como certo, acima de todas as coisas, refutando qualquer outra ideia.

Sem perceber, fragmentamos o que deviar único, fazemos com que ele perca sua unidade, seu caráter que o diferencia, e nos afastamos cada vez mais do que faz com esse Reino exista. Nos prendemos a nossas ideias, esses ídolos insolentes que fazem com que esqueçamos que deveríamos ter comunhão com todos os que estão conosco. Julgamos, e achamos que estamos certos. Caímos, e culpamos um terceiro, acertamos, e dizemos que fomos nós.

As rachaduras são marcas da nossa rebeldia. Cada vez mais nos fechamos no nosso canto escuro, querendo ver apenas a nossa própria luz. Mas sem o combustível que a alimenta, toda lamparina se apaga. A fé deixa de ser em Deus e se torna no humano.

Hoje vemos tudo isso. Ser cristão não basta, ser cristão nunca é o suficiente. Quando te perguntam o que você segue, o que você é, essa resposta não basta. Temos que estar filiados a alguma instituição, rotulados como crentes de algo que não envolve ser cristão. Engraçado como são as coisas não é mesmo?

Porque todos nos atrevemos a nos dizer cristãos, mas nunca nos permitimos nada além do círculos de conforto que desenhamos em torno de nós. É muito fácil não errar quando não vamos até onde isso possa acontecer. Pior que isso, não vamos até onde precisam de nós, onde Deus quer que tenhamos ação.

Belos filhos. A tarja de certo/errado está sempre pronta para ser posta, mas não nos dispomos, em nenhum momento, a ter um pequeno diálogo para aprender. Não custa nada, e é uma das melhores e mais certas maneiras de crescer. O problema consite no simples fato de que sim, somos fiéis, mas costumamos ser fiéis apenas ao nosso próprio orgulho. E enquanto isto ocorrer, nossas vozes e atitudes se reunirão em um uníssono grito de ignorância.