terça-feira, 21 de agosto de 2012

Terremoto



Vive-se sobre a paisagem tranquila
Dia após dia, segue-se a vida
Deixando ao encargo do acaso
Tudo o que se passa do nível do solo para baixo
Ignorando o que não queremos ver
Deixando para o amanhã tudo aquilo que devíamos temer

Então de repente fende-se o chão
Já não encontramos apoio, não encontramos uma direção
O que era sólido e imutável
Agora dobra-se qual brinquedo desmontável
Caem velhas construções
Não resta mais que pó dos antigos casarões
Porque dia após dia, a tensão foi acolhida
E agora se parte a rocha que foi ferida

Liberando todo o ardor que não se pode esconder
O terremoto sacode tudo que pode se mover
Nada parece se encaixar
O que era terra seca agora vira mar
Uma drástica mudança que não se pode conter
Tudo muda até onde os olhos podem ver
Lembrando que aquilo que não vemos
Não é sempre o que devemos esquecer

Findado o momento do terror
Caímos nos chão, em estado de torpor
Pois nada mais é como parecia ser
Já não se sabe nem para onde se mover
O grito de dor que ecoou
É tudo que o incauto ignorou
Vemos que não adianta mais fingir
A mudança chegou, e não há como mais fugir

Recomeçando a partir do que restou
A terra molhada é chão que o mar ainda há pouco lavou
Cantando hinos de renovação 
Fé e coragem é tudo do que posso dispôr
E em silêncio eu começo uma oração
Ecoando em meu íntimo vem um novo tom
Que aos poucos me vai trazendo a explicação
A mostrar que muito mais que destruição
Esta é a perfeita obra da criação

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