sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Despedida



Se era alegria
Se era fraternidade
Se era parceria
Hoje sobrou a saudade

Se era amor
Se era lealdade
Se era ardor
Hoje me consome a incredulidade

Era mar que carrega areia
Era a palmeira do oásis do deserto
Era camponês que o chão semeia
Era a chuva que vinha definir o destino incerto

Como rostos que vêm e vão
Anônimos da massa da cidade
E quem eram hoje amanhã já não o serão
Linha de metrô findada, nesse caminho já não há passagem

Escolas que logo se irá deixar
São os aviões se tornando pequenos no céu
São as casas onde já não se pode mais morar
Cavalos que não voltam depois do giro do carrossel

Filmes que se tornam descoloridos
Escudos cujos brasões já não tem mais brilho
Pontes que já sucumbem aos anos transcorridos
Campos de onde já não se nasce mais o milho

O sol que se foi sem ter aparecido
O batom que perdeu seu carmim
Sem razão, sem sentido
Sem começo, também sem fim




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