quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Folhas ao vento



Era eu, era teu
Era meu, o tempo corroeu
Qual fotos antigas
Assim são apenas memórias
Quebradas, sem nexo, perdidas
Já não quero mais lembrar
Dessas tantas dores vividas
Um olhar que se foi
Um toque que se esvai
E nas noites gélidas das lembranças vazias
Finjo me encantar com cada nova paisagem
Quando nesta vida dobro as esquinas

Caminhei para frente olhando pra trás
Não vi sombra, não vi luz
Apenas um vazio, que mais à frente ainda me conduz
Árvores de inverno, sem vida, sem flor
Uma paisagem em minha mente
Que é o desenho desta dor
Cores de uma música que se repete
E se faz mais intensa a cada nota
Sinfonia da saudade
Para onde você foi?
Me pergunto, em verdade
Nessa brincadeira de seguir
Páro, olho, não há nada aqui

Folhas no chão já cheio de neve
O frio enche, sinto ele abaixo de minha pele
O olhar que tinha um brilho
Agora pisca quando pensa poder prosseguir
Vez por outra ainda me lembro
Daquele último novembro
Planos divertidos de de lá do fundo do coração
O futuro era um amigo
E sonhar não era em vão

Onde foi toda a verdade?
Viver para sentir
Eis a minha intensa liberdade
Um céu negro
Sem estrelas ou nuvens
Pois todas elas caíram
Tentando realizar meus anseios agora fúnebres
Abalou-se a terra, fenderam-se os oceanos
Partiu este mundo
O chão despediu-se dos meus pés
Flutuando em outra dimensão
Contemplando as eras que se vão
Errante que agora sou
A mim mesmo eu estendo a mão
Girando num balé cósmico
Qual naquela música que tocava
Enquanto você executava seu mais cruel propósito

Façanhas da humanidade
Falas bonitas, com muitas meias verdades
Ainda não me perdi
Daquilo que me lembra da amada santidade
Notas tranquilas de uma música que me compõe
Pausa, sons, orquestra, flauta
Em uma estranha harmonia tudo aqui agora se dispõe

Falsetes belos a cantar em outra língua

Aquilo que já não tenho alma mais para dizer nesta vida
Pedaços de mim que se dissolvem pelo ar
Aos poucos me vou, talvez seja para isso que aqui estou
Como as árvores que vejo, e que perdem suas folhas
Me esvaindo estou, a me juntar a esta bela natureza
Ouça atento quando o vento vier lhe abraçar
Serei eu ao seu lado, como eu sempre quis estar

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