Curvas de viagem
Calmas e tranquilas
Mal sentem o tempo e sua passagem
Sinuosas, em silêncio
Testemunhas já antigas
São da história um compêndio
Espelho deste céu
Entre luas e sóis mil
És tela e rosto debaixo de um véu
Cenário e personagem
Por caminhos que você abriu
És protagonista e paisagem
Quão belas são suas curvas
Mesmo quando chega a tempestade
E seu sangue ferve em cores turvas
Fúria imponente mas também contida
Quando alargas os teus braços
Prova que a força também cabe em tua face tranquila
Já um velho companheiro
Desde sempre meu dom diário
Em ser piloto e passageiro
Toco por ti este meu barco
Dia após dia
Ninado pelo seu embalo
Vez ou outra te vejo pestanejar
Um bocejo de sono
No meio da noite a cintilar
Aprecio em silêncio essa tua presença
Até que encontro também em mim
As sinuosas voltas da minha própria existência