quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Em qual time você está?

É engraçado observar o evoluir das coisas. Há um tempo atrás, não se via grandes movimentações. Tudo que havia eram murmurinhos pelos cantos, uma insatisfação incontida. A passividade era a mesma de sempre e, para variar ainda mais um pouco, a culpa sempre era do outro. 
Então, do nada, surgiram dois times. Dois times que se estranham, se provocam, se irritam. Dão nomes uns aos outros, só para fazer questão de abrir um abismo que pregam existir, mas que na verdade são eles mesmos quem cavam. Com o passar do tempo, quem prefere não ir para lado nenhum, por não ver motivos para isso, também começa a ser condenado. Covarde, hipócrita, duas caras. "Quem não está conosco, está contra nós". 
No meio dessa multidão, que se divide como o Mar Vermelho para a passagem de um Moisés que não existe, surgem analistas. Pessoas que sequer pararam duas horas para analisar a fundo a situação mas que, de repente, são especialistas letrados em sociedade. Posts, frases de efeito, tudo só para poder mostrar os ditos absurdos que acontecem.
Injustiças? Só se for com o próprio eu, pois o outro que se dane. Ambos os lados pedem "direitos humanos para humanos direitos", só mudando a forma de falar. Elite, favelado, fascita, comunista, engravatado, marginal. Tudo isso representa uma só coisa: ódio. 
De repente começaram a circular imagens de policiais agredindo civis, policiais sendo agredidos por civis, como se o fato de um existir fosse a justificativa para a existência do outro. Ao se falar de direitos humanos, só se houve a bandeira de "direitos dos manos". E, ao se falar em igualdade social, só se ouve a mesma coisa: exclusão, elite, injustiça, histórico social. 
Essa polarização só mostra uma coisa: nenhum dos dois lados demonstra a mínima capacidade de enxergar a situação. Um só quer eliminar o outro. Um só terá paz, quando o outro não existir. E, para isso, o tom já está se levantando, e já começaram a levantar as armas também. Se começou com gritos, paus e pedras, vai terminar com muito sangue pelo chão. Nenhum período triste da humanidade começou do nada, com um vilão no estilo Hollywood decidindo dominar o mundo. Começou exatamente assim: com a falta de capacidade em se colocar no lugar do outro. 
Enquanto a falta de segurança, a desigualdade e a incapacidade de conviver com as diferenças seja razão aprovada para se colocar na posição de "justiceiro dos inocentes", vidas continuarão a se perder em troca de trocados. Ou alguns milhões. No final das contas, seja pobre, rico, negro ou branco, tudo se resume a uma coisa só: egoísmo.
Poucas são as pessoas com vontade de ajudar, que realmente querem que este mundo tenha um lugar para todos. E todos significa todas as formas de vida. É, isso mesmo. Até nos esquecemos que não estamos sozinhos neste planeta. E essa é uma luta tão cercada de egoísmo e prepotência, que ninguém se atenta para o fato de que o mundo já não nos aguenta mais. A natureza, prestes a responder com um basta aos frutos de nosso desequilíbrio que se refletiu em guerras, progresso, lutas, busca por novas oportunidades e dinheiro, reage já de forma violenta. E, mesmo na hora de decidir o que fazer quanto à problemática ambiental, o que mais importa é apenas culpar o outro. Porque na frente do espelho, sempre haverá um par de asas e uma auréola. Santa hipocrisia.
Então, antes de tomar parte de um time, de classificar como esquerda e direita, que tal colocar um pouco na consciência, e entender que todos temos culpa nisso? Não se trata de policiais, civis ou qualquer outro integrante da sociedade que são atingidos pela violência. São pessoas. Isso deveria ser o mais importante. Da forma como dizem, que se dane que o outro morra, desde que ele seja do outro time. 
Se a segurança, a educação, a gentileza, a paz, a tranquilidade e a igualdade falta nas ruas, é por um mero e simples motivo: seja qual for o rótulo que te dêem, você, assim como eu, possui de conteúdo um ego tão dominante que se estende de dentro do espírito para além, nas ruas amedrontadas das cidades. Aquelas sombras que correm e te perseguem? Olhem bem a forma delas, pois uma hora você vai reconhecer a si mesmo. Aí sim, quando o "inimigo" deixar de ser inimigo, e se tornar outro ser humano, poderá se dizer que alguma mudança boa está a caminho. Por ora, só é possível ver lamentáveis erros da história mundial prestes a serem repetidos.

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