quarta-feira, 5 de julho de 2017

Perdão


Relógio a correr
Vida que se esvai como o sol ao entardecer
Crianças que crescem e se vão
Dias que se acabam e apenas memória agora serão

Um show onde a banda já se foi
Uma prova de escola onde não há chance de tentar depois
Trajetos para viagens que já foram feitas
Crimes solucionados depois de investigadas todas suspeitas

Portas destrancadas que lá atrás não se abriram
Mãos fortes demais contra aqueles que a elas resistiram
Erros de construção que a fundação inteira por terra fizeram cair
Olhos marejados buscando dar sentido ao novo caminho que são obrigados a seguir

Noites em claro pelo descanso a lutar
Sonhos velhos de criança que jamais realidade puderam se tornar
Medo e angústia ainda a perseguir
Tremores secundários que por toda parte ainda se pode sentir

Janelas que hoje ainda se quebram
Por explosões passadas que ainda reverberam
Trazendo consigo os uivos de outrora
Como se ele ainda estivessem presente aqui agora

Em meio a projetos e ruínas começo a entender
O lado sombrio que há em viver
Nessa dolorosa tarefa que é recomeçar
Quando terremotos passados suas bases ainda vêm minar

Minuto a minuto tentando de novo acertar
Cada sonho que aquelas mãos violentas sem piedade vieram roubar 
Ao mesmo tempo sabendo que aquilo tudo essas mesmas mãos tentam consertar
Respiro fundo e concluo comigo mesmo
Que o perdão não é um momento que faz todas tristezas apagar
É um exercício a repetir toda vez que uma bala perdida do passado vier a te alcançar

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