
Um côro de vozes se ergue, diante do inesperado que acontece. Seja lá o que for, por vezes uma multidão de vozes toma conta de nossas mentes, assaltando nossa paz, levando embora o retiro tranquilo que são as águas de nossos pensamentos. Querem satisfação, dão sugestões, rasgam e montam a realidade à nossa volta conforme acham que é melhor. Mas, por mais bem intencionadas que sejam, estas vozes são um ruído branco na nossa cabeça, que pode ser tão tranquilo como o som da chuva à noite antes de dormir, ou tão incômodos quanto andar de carro em uma rua calçada com pedras.
É bom se retirar, às vezes, para nosso pequeno mundo interior. Reorganizar as pedras, e ver com nossos próprios olhos a realidade que nos cerca. Esperar pelo que ainda virá, e meditar sobre o que fazer quando os resultados que esperamos chegarem, qualquer que seja a forma como eles chegarão. Não é estar acanhado por não ter o que fazer: por ora, é apenas aproveitar o momento, sentir o ar parado que nos cerca, observar o céu, para ver se estão surgindo nuvens de tempestade ou se continua a promessa de um dia ensolarado.
É estar sereno, na confiança de que o melhor irá de fato acontecer. Sem pressa, sem desânimo, sem ansiedade. Porque logo logo, está o futuro, quase tão sólido quanto uma doce gelatina deixada para a sobremesa, sobre a qual pensamos enquanto comemos um almoço em família.
Porque a felicidade é algo que está em nossas vidas para ser vivida, e não anunciada como um mérito pessoal. É apenas parte do mistério que conhecemos como graça divina.