terça-feira, 8 de dezembro de 2015
Memórias vivas
Primeira marcha engatada
O ronco do motor que dá partida
As rodas começam a se mover da garagem pra rua
A sombra da árvore no jardim abraça em despedida
A rua com os mesmos buracos de sempre
Os vizinhos a conversar em mais um dia
Bolas batendo nos muros das casas
Papagaios sendo perseguidos bairro afora
Os uniformes e as mochilas novas
Os gritos no pátio da escola
As histórias imaginadas
Brincadeiras em conjunto sonhadas
Aquele primeiro amor de escola
Que ingenuidade, tanta dúvida por nada
A praça com seus idosos a ver a beleza dos dias passando
O côro da igreja ouvido de dentro do quarto
A casa do amigo mais querido
Soluços de um choro no travesseiro escondido
Escuridão de dias envoltos em relâmpagos
Mãos dadas, em esperança entoam cânticos
Na visita ao interior, os córregos saindo da mata verde
No quintal da fazenda vinha o cachorro a celebrar
Como é clara a memória daquele dia
Em que no lago ele pulava sem parar
As linhas da estrada passando sem se deixarem ver
Fechando novamente os olhos
Dá pra ouvir o vento vindo sem esmoecer
Brisa leve daquele inverno
Que foi quente e tão terno
De repente voltando ao presente
A conta de onde se está vem a chegar
Um meio sorriso vem a se esboçar
Ao sentir aquela doce sensação de ali estar
Em paz pela certeza conservar
De que o que era bom do passado
Ainda que somente no coração a pulsar
Perdido não se foi, pois para sempre lá está
Como presença viva a nos acompanhar
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