domingo, 6 de dezembro de 2015

Realização


Ouvimos muitos dizendo que devemos viver a vida dia após dia. Uma nova batalha por vez, um novo desafio sem se preocupar demasiadamente com o porvir. Quando mais novos, não entendemos exatamente o que querem dizer com isso, afinal de contas, como agir sem esperar ou se preocupar com o que irá acontecer no momento posterior ao atual?
E então começamos a crescer. Como pessoas, como filhos, como amigos, ou até mesmo parceiros para a vida. Criamos objetivos, e vemos as investidas diárias contra aquilo que construímos, seja dos imprevistos sorrateiros cotidianos, ou até mesmo daqueles que não compreendem nossa jornada. E vamos nos livrando deles, um por um, com maiores ou menos dificuldades, enquanto cada etapa de nosso sonho se concretize.
Ao final, entendemos pela vivência o que tanto nos foi repetido. Vemos o quão importante é deixar, algumas vezes, a dúvida de lado e simplesmente seguir, crendo em uma certeza quase que fantasiosa sobre o futuro que queremos construir. Vemos que nossas mãos, agora já calejadas pelo trabalho intenso, são a memória que lembraremos dos dias difíceis sem as certezas que almejávamos. 
Porém, talvez o mais importante de tudo seja entender que, por mais difícil, dolorosa e triste que seja uma jornada, nada e nem ninguém pode conseguir nos transformar a ponto de que, quando conseguirmos respirar o ar puro de dias de paz, não tenhamos mais espaço no nosso interior para vivenciar aquele novo momento bom. Se não deixarmos nossas mágoas, tristezas e desapontamentos fora, viraremos estátuas amargas perante os caminhos da vida, apenas a contemplar o horizonte, sem mais almejar alcançá-lo. Libertar-se do passado, retendo apenas as lições que ele nos deu é não apenas ter maturidade de espírito de entender o que devíamos aprender, como também a chance que nós mesmos nos damos de sermos felizes. Ainda que apenas naquele segundo, naquele breve momento antes da próxima tempestade. O que é importante, é que ele exista, e nele sintamos que estamos completos, por vermos nosso coração e espírito naquilo que criamos para nosso presente. Quando isso acontecer, todas aquelas lágrimas derramadas valerão a pena, por terem sido a água a regar as flores nos campos verdes que cultivamos. 

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