quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Formas e cores



Dizem que nascemos para crescer, ter uma família, sermos felizes. Concretizar planos, que alguns crêem ser nossos, outros crêem serem planos já estabelecidos antes de nossa própria existência. Cada um com sua crença, sua própria visão de mundo. Mas que, no final das contas, só se mostram como sendo diferentes formas de chegar ao mesmo local.
A despeito de tudo que se creia, de tudo que se tenha como certo. Existe um universo inteiro de coisas que não sabemos, tão infinito quanto nossa própria imaginação. Ainda assim, muitos montam seus próprios castelos de dogmas e, em redor deles, muralhas de certezas ásperas como pedra desgastada, que rejeitam qualquer viajante que passa por aquelas paragens.
Aos poucos, é possível ver como tudo é construído dessa forma. Quando pessoas erguem seus castelos uns pertos dos outros e de forma igual, unem-se em ligas chamadas sociedades, abrindo campanhas de extermínio umas contras as outras. O que importa é a própria verdade absoluta de cada um. Ao se fecharem nas suas fortalezas, não deixam apenas de ver o mundo. Não deixam, também, que o mundo as veja.
O medo de se mostrar, ser o próprio eu, toma conta de todo o espírito. Porque ele deve se encaixar e, mais que isso, fazer com que o mundo se encaixe à sua maneira. Não interessa se a peça é quadrada e o buraco redondo, ela há de passar, porque alguém disse que era assim. Não interessa se é feito de carne e sangue o alvo do outro lado da muralha. Ele tem de morrer.
Assim segue a humanidade. Porque nos achamos donos da verdade o suficiente para definir que o outro não deve existir por ser um mal ao mundo. E assim mudamos suas ideias, desconstruímos suas culturas, moldando-os incessantemente à forma perfeita de ser. Não nos perguntamos onde é que está o livre-arbítrio ao qual todos temos direito. Não sabemos respeitar quem simplesmente não consegue ser igual aos nossos tolos pensamentos. Apenas deve ser. Mais que isso, agimos com uma loucura desenfreada, de quem vê à frente não mais um indivíduo, e sim um território a conquistar.
Apenas nos esquecemos que almas e corpos são donos de si, e não uma propriedade desocupada que devemos apropriar. Talvez, torço eu, um dia ainda consigamos aprender isso.

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