domingo, 11 de janeiro de 2015

Caminhos



Uma comoção engraçada surge no peito. Uma sensação que é mistura de alegria, nostalgia, saudade que se adianta e já se faz presente, e também aquele medo da jornada que se estende. O fim que serve para um novo começo, enquanto um filme de todos os momentos volta a passar na mente. Às vezes a vida gosta mesmo de brincar com aquilo que chamamos de sentimentos.
E cada passo se torna uma decisão rumo a um futuro incerto. Uma voz triste e bonita, um poema cheio de uma essência tão sutil quando a luz das estrelas à noite. E as batidas do coração são como uma marcha, a marcha à qual nos entregamos inocentemente, cheios de fé e de esperança. Esperança de que os próximos dias serão tão cheios de amor como os que se antecederam. Amor este que, nos momentos duros de saudade, luta e amargura, possa nos sustentar, levar adiante, para um dia, mais uma vez, ser possível encontrar o caminho de casa. 
Nessa tarde no porto para o além, não é possível sorrir sem que seja um sorriso amarelo. Misto de orgulho expresso naqueles rostos que se seguram para poder se fazerem felizes perante um momento que não era realmente desejado. Mas a força da união mantém todos ali, de pé, esperando que após este inverno que se aproxima, possa haver mais um verão com todos juntos à mesa, rindo de aventuras e desventuras passadas. 
E enquanto o chão vai ficando para trás, em meio a nuvens brancas, o espírito se assenta em meio ao seu lugar. Confortável e feliz por saber que os céus podem ser belos e vastos, mas nada é maior que o alcance da verdadeira família: aquela que cultivamos todos os dias nos corações daqueles que decidem permanecer e torcer de verdade pelo nosso bem. Então, acenando já invisível da janela, aquela alma se lembra de uma frase enquanto uma lágrima furtiva corre rosto abaixo: "Não direi para que não chorem, porque nem todas as lágrimas são um mal".
Até logo.

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