sábado, 7 de março de 2015

Conflito



Palavras ásperas, gritos pelo portão
Olhos na rua atentos, lágrimas que caem pelo chão
Dias que não se acabam mais, um ciclo que não se quebra
Ainda que em dor e tristeza, aquele coração sozinho se enterra

Os anos se foram, neles se fizeram histórias
Aqui não foi diferente, mas essa se quer tirar da memória
Em noites sem dormir a pensar
O que com aquilo tudo podia se acabar

E levantando para outros dias enfrentar
Na fumaça da cidade, em meio aos espinhos das rosas
O azul do céu tinha um tom branco
E as nuvens davam sombra para solitárias caminhadas longas

Lá no fundo sempre estava a questão
Como fazer ali de alguém feliz
Quando ao se olhar no espelho
O que se viam eram marejos e olhos vermelhos

E enquanto se esperava que a sombra estranha aconchego novamente mostrasse
As horas passavam devagar, não havia ninguém que as suportasse
Um eterno anoitecer
Sem esperança de lua ou muito menos um novo amanhecer

Como um iceberg que se eleva sobre o mar
As memórias fingiam ali não estar
E um sorriso bobo surgia no rosto
Daqueles de quem no amanhã já não está mais a acreditar

Mas lá fora é preciso continuar
Pois o tempo passa rápido, e logo logo todos estão longe
E mais medonha que o próprio tempo parado ali
Era a ideia de se perder da linha do horizonte

Algumas vezes para sobreviver
Alimentar pequenas utopias é tudo que se pode fazer
Pois ao atravessar uma ponte sobre o abismo
Olhar para baixo só faz ao viajante perecer

E enquanto nada se transforma
A rotina segue seu trabalho
De garantir que dia seja a mesma e velha prova
Sem se importar com acerto, ou um ato falho
Agindo como o ir e vir de um mar
Mas que aquela velha ríspida costa jamais poderá transformar

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