quinta-feira, 25 de junho de 2015

Espinhos do destino




A experiência humana é cheia de suas idas e vindas, com momentos que, à primeira vista, podem até parecer um pouco controversos entre si. São questões sem respostas, que levamos anos para entender e, para algumas delas, jamais teremos a resposta. Mas todas as mudanças que se manifestam no final se revelam como os traços de um quadro sendo pintado, e cada decisão que tomamos muda a direção do pincel sobre a tela.
Trazer a ideia da imagem pensada ao mundo do palpável e visível não é tarefa fácil. Envolve pensar em formas e relevos, assim como em cores e seus tons. Ou talvez até alguns espaços em branco, pois assim como o céu com suas nuvens, existem aquelas manchas cuja forma o pensamento é livre para brincar quando as contemplamos. 
Após o primeiro passo, que muitas vezes é acompanhado de gritos de encorajamento, o que se segue é uma sequência de tentativas, erros e por fim conquistas, um tempo durante o qual só a própria sombra é testemunha do que se tem de fazer. Com alguma sorte, alguns mais próximos saberão de suas dores e receios, e se disporão a vir aliviar o cansaço dessa luta diária. Para o dia da despedida, uma data a ser lembrada, existem muitos nomes em meio à multidão. Mas é nos dias comuns, sem glória, fotos e sorrisos que se vê a verdadeira face da lealdade.
Viver é ser desafiado a todo instante. E cada decisão tomada nessa vida, independente de qual seja, terá suas dificuldades, e trará suas dores e dúvidas, nos fazendo refletir sobre tudo que nos cerca, e também sobre o que nós somos. São passos lentos em uma trilha dentro de si mesmo, onde vemos que descobrir o mundo é também descobrir mais de nós mesmos. 
Mas por mais difícil que tudo soe, se olharmos bem, com os olhos atentos, veremos que mesmo as provas mais dolorosas, que fincam espinhos em nossos corações são as mesmas que nos transformam, nos fazem crescer e, quando se tornam passado, viram inspiração contínua de que o amanhã pode voltar a ser melhor, mesmo quando tudo se turva em nuvens negras de novo, e tudo que podemos fazer é nos deixarmos envolver por toda essa tempestade furiosa.
Nunca é fácil se deixar entregar a tanta turbulência. É assustador ser levado por uma corrente ao léu, que não se tem ideia de onde é que ela vai parar. Mas talvez seja isso parte da vida: nunca deixar de lembrar para onde voltar, por mais fortes que os ventos estejam, e por mais longe que eles te levem. Com o tempo aprendemos que cada prova e dor é uma lição para vencer o amanhã ainda mais desafiador e que, quanto mais difícil é o hoje, maior também é o aprendizado quando o superamos e chegamos de fato ao amanhã. E toda vez que chegamos ao limite de nós mesmos, a dimensão de tudo que somos é levada a se expandir. Em novas formas, novas cores, novos tons, mostrando que, para a alma, o infinito ainda será pouco.

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