sexta-feira, 12 de junho de 2015

Traços no papel



A luminária sobre a mesa
Luz sobre o papel
Nele está a forma da beleza
São traços em lápis sem cor
Que só por sombra sobre o branco
É que vêm a se compôr

São pensamento e ação
Unidos por um mero artista
Que com sua mente está em comunhão
São sonhos ainda não compartilhados
Que nas noites sozinhas de chuva
Com amor em silêncio são traçados

Lá ao longe na sala crepita uma lareiras
As sombras tremem como as vivas chamas
São a alma que se consome como agora o faz a madeira
E o calor se espalha por toda a casa
Como a música de um violão
Que tudo ao seu alcance aconchega e abraça

Enquanto isso os traços ganham vida
Dançam conforme o artista desliza sua mão
São dia de chegada, mas também dia de partida
Trazem em si o canto dos apaixonados
Que juntos sonham com a Terra e as estrelas
Mas também a voz daqueles para trás deixados

E quando cada vez mais completas as formas 
Mais vívidos são seus movimentos, mais brilho há no seu olhar
São bailarinos em êxtase, cujas faces se fazem expostas
Até que rasgam o papel que os envolve e dançam sobre a mesa
Transcendem de seu criador a própria obra
Têm carne, pulso e sangue, se movimentam com destreza
Partirão para sempre, para si farão um próprio destino
Uma arte vida dona de si, fazendo agora um novo caminho
 

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