segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Pedras na areia



A batida ribomba mesmo de olhos fechados
O vento sopra fantasmas que se escondiam no armário
Quando que a vida ficou assim vazia?
Sem nada para escrever sequer um diário?

Porque os pés são pesados
Assim como a própria forma da alma
É um preto e branco sem graça
Tudo envolto numa morta e sem vida calma

As cores do horizonte são sangue que chora
Refletem em meus olhos um sentido que se foi
Mesmo as coisas boas de antes
Já as quero deixar para depois

O frio que sinto não é mais o dos dias de inverno
Ele está aqui no verão, outono e primavera
Se tornou diário e constante
Ficará por mais de uma era

Tantos rostos indiferentes na rua em redor
Quando foi que diminuí e sumi
Me perdendo em meio a linhas de um quadro invisível
E toda alegria é lembrança que não vai se repetir?

Olhando as belas formas de uma mansão bem acabada
Entro pelas portas de um casarão à moda antiga
São paredes sem som, escuras
São poeira decorada, que agora me suga a vida

Fechando os olhos, elas vêm sem que eu queira
São imagens de risos, imagens de dor
Foram aqueles dias em que o espírito percebeu
Que se havia entregue a um traidor

E quando o dia nasce, não parece mudar o que virá
Pois rotinas não são construção
E para um coração antes aventureiro
A mesmice é um fim em solidão

Naquele triste momento
Os olhos encontram no espelho
Um poço agora sem fundo
Até a água limpa se retirou daquele desespero

Talvez um anjo mítico venha a chegar
Fazendo o que dizem nas canções hoje sem sentido
De que no espelho não existe um fantasma
Mas sim alguém por quem será melhor ficar que se ter ido

Até esse dia, ainda que não por escolha
As folhas terão esse tom de sépia
As horas passarão devagar
Congelados como pedra
Estarão meus desejos a te esperar

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