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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Conformismo



Parar e achar que está tudo bem. Parar e achar que não há mais nada a fazer. Há duas situações perante as quais frequentemente nós perdemos nossa vontade de agir: quando as coisas estão boas demais, ou quando estão complicadas demais para que resolvamos. "Ah, pior que tá não fica". Frase célebre que marca o comodismo de uma sociedade que tem preguiça de se defender. Desocupado é aquele que diz: "Vamos lutar por nossos direitos!"

Vemos isso todos os dias no nosso país. Políticos são todos corruptos, não há o que fazer pela política em nosso país, pois é um saco de ovos podres. Bom, ninguém força a compra desse saco de ovos podres, e se eles foram escolhidos é porque alguém não teve a capacidade ou a boa vontade suficiente de olhar com um pouco mais de cuidado.

Já não somos mais um povo inocente nas rédeas de uma elite dominante. Não há uso de força para impôr ideias no nosso povo. O que acontece é porque deixamos, gostemos disso ou não. Não há como questionar o fato de que o único inimigo dos nossos direitos, do desenvolvimento deste país, e também de muitos outros, é a incapacidade da população de lutar pelo que é seu.

Alienados. Uma palavra em uso constante, que infelizmente está se tornando clichê. Alienar algo, no sentido que ela é empregada quando se diz respeito à sociedade, não é chamar o povo de uma massa de lunáticos que não estão dentro da realidade. É pior que isso. Somos todos alienados no sentido jurídico da palavra, que significa passar o direito de posse a outro. E estamos alienando o nosso pensar, os nossos direitos a pessoas que não têm o menor intento construtivo com eles. Não há a quem culpar porque não é roubo, e sim doação.

Que sejamos um pouco menos preguiçosos e busquemos mais e falemos menos. Que não sejamos os primeiros a condenar alguém que perde seu dia de trabalho e estudo porque está lutando por um direito de todos nós. Que sejamos inteligentes o suficiente e maduros o bastante para assumir que a culpa do mundo não está em um vilão malévolo que toma conta do planeta, e sim dentro do lado preguiçoso e conformado de cada um de nós, em especial do povo brasileiro, que sempre com seu jeitinho cria uma nova forma de se contentar com o que mínimo de pode ter.

E engana-se quem pensa que falo simplesmente de riquezas materiais.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Dons


"But I won't go
I can't do it all my own..." 


Sempre temos algo que fazemos melhor que qualquer outra coisa. Em vários aspectos de nossas vidas, somos bons ouvintes, bons oradores, bons músicos, bons trabalhadores... São tantas as possibilidades que me perderia listando cada uma das formas que Deus nos permite agir por uma obra de bem. Através de cada uma delas, exercitamos aquilo que Ele nos ensinou, aquilo que Ele tem para aqueles que estão próximos de nós, nos utilizando como meio de ação.

Porém a realidade nunca é fácil. Cada dom traz uma responsabilidade, uma luta e um aprendizado. Passamos por provações, lágrimas são derramadas, mas continuando firmes, sempre teremos a certeza de que estamos fazendo exatamente aquilo que é para nós. Trilhar um caminho não significa que o fazemos felizes, contentes como uma criança que brinca em um jardim. É doloroso, é difícil e sempre iremos precisar de ajuda.

Por isso vivemos uns ao lado dos outros. Quando um fraqueja, o outro o sustenta, e todos nós somos assentados pela mesma base que é Deus. Inegável dizer que todos os caminhos conduzem ao mesmo fim e, por mais que discordemos disso, um dia iremos perceber que as voltas que são dadas ao longo do nosso trajeto são tantas quantas nós precisamos dar para estarmos prontos para a nossa santificação, que é feita pouco a pouco, segundo o que nós mesmos formos capazes. Porque ao contrário de nós, Deus não tem pressa alguma de realizar os Seus planos.

Não temer é algo totalmente diferente de não sentir dor. Por vezes nos machucaremos, mas sempre, sempre haverá uma nova forma de recomeçar, uma nova forma de ver a vida, e uma nova pessoa especial para você. Seja como for, sempre teremos os nossos altos e baixos, aqueles momentos que iremos desejar ardentemente aquela única coisa que sentimos que falta em nossas vidas, e aqueles momentos que teremos a certeza de que aquilo apenas não chegou por não ser o devido tempo para tanto.

E os nossos dons são as dádivas que nos são dadas, para que possamos trilhar nossos caminhos em paz. Com eles construímos abrigos para nossos semelhantes mas que sempre, de alguma forma, servirão a nós mesmos um dia. Eles serão o refúgio para nosso espírito, quando nós mesmos formos nossos piores inimigos, quando a imagem diante do espelho se tornar um monstro pavoroso. Portanto, construa. Construa a cada dia, porque sem nos movermos não sairemos de lugar algum, sobretudo dos nossos problemas. Quando a força faltar, porque ela vai mesmo sucumbir um dia, acredite: todos temos companhia, e Essa companhia jamais nos abandonará na escuridão. 

E a cada gesto sincero de bondade, acendemos um pouco mais a luz divina dentro de nós, luz esta que não será simplesmente luz para os outros. Ela será o nosso próprio conforto quando não restar mais nada, e através dela começaremos a sermos curados, instrumentos de nossa própria redenção, sempre e sempre, num infinito ir e vir de sentimentos, temores, mas acima de tudo, da permanência das nossas certezas inquebrantáveis, a ser o bálsamo do Criador confortando a todo momento que precisarmos.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Perseverança


"Não andeis ansiosos pelo dia de amanhã, 
pois o dia de amanhã cuidará de si mesmo. 
Basta a cada dia o seu mal." (Mateus 6:34)

Há vezes em que idealizamos, sonhamos e buscamos, e a vida simplesmente diz não. Não conseguimos, e o que estávamos construindo, ou parte daquilo, desaba bem diante de nossos olhos. Perdemos o nosso fôlego e inevitavelmente muitas vezes as lágrimas vêm sem controle. Precisamos de um ombro amigo, de uma palavra de consolo mas, mais que isso, alguém que nos dê a certeza de que o futuro promete algo de melhor.

Quando isso acontece, é porque precisamos aprender algo. Nem que seja a apenas ouvir um não, ou entender que aquilo não é o melhor para nós. O que importa, é que mesmo a maior das nossas "derrotas" nos mostra algo, e em todas elas temos a oportunidade de continuar. Buscar, ir além. Porque muitas vezes, o que precisamos é de um pouco mais de força para chegar onde queremos. 

Assim, que saibamos enxergar em cada não que recebemos de Deus, uma oportunidade de recomeçar. Seja recomeçar a busca, ou recomeçar os nossos planos, ideias e ideais. Porque pode até ser que caiamos, mas nunca deixaremos de ter a oportunidade de nos levantarmos.

E no fim das contas, nunca estaremos sozinhos. Sempre haverá um ombro amigo a nos apoiar, a nos dar uma palavra de incentivo. E quando tudo isso faltar, ainda assim neste momento temos a quem recorrer. Porque há alguém que ouve nossas preces, e está ao nosso lado em todos os momentos de nossas vidas. Ver o exemplo, o caminho que Ele trilhou, é mais que ver um caminho de perfeição. É ver uma inspiração, algo que nos dá a certeza de que por mais um dia é possível resistir, por mais um dia é possível lutar. E quanto ao amanhã, ele fica para depois. Porque no fundo nem sabemos se realmente vamos precisar lutar durante todo o tempo que pensamos ser necessário, se realmente um passo a mais vai ser necessário, e até quando precisaremos persistir.


domingo, 22 de janeiro de 2012

Ação





Existe apenas um tempo para agir. Apenas um tempo para decidir, se manifestar, realizar seus próprios planos. Este tempo é o agora, o hoje. Porque enquanto mantivermos tudo no futuro, nada irá se concretizar, e não sairemos do mesmo lugar. Seremos eternos sonhadores, eternos revoltos, eternos planejadores.


É preciso deixar tudo que deve sair do campo das ideias vir para a dimensão da realidade, sejam planos, realizações, ou simplesmente desejos. Uma palavra não dita hoje poderá custar muito caro amanhã, e uma ideia não-concretizada hoje pode não encontrar mais lugar para se realizar depois. 


A hora de agir? A hora que Deus permitir, abrir os caminhos. Sem temor, com a coragem e confiança de que Ele está a guiar o que ocorre, livrando dos obstáculos intransponíveis, e permitindo que a jornada comece. Mas o trabalho é nosso, porque jamais ele fará algo em nosso lugar. Não adianta sentar e esperar com toda a certeza do mundo de que vai dar certo. Não podemos esquecer é claro de que Deus em tudo coopera para o nosso bem, mas que Ele nos usa como instrumentos de mudança nas nossas próprias vidas.


Assim, não fique parado. Idealize, planeje, deseje. Mas quando chegar a hora, não desista porque não vai haver outro para agir em seu lugar. Porque tijolo por tijolo, coluna por coluna e parede por parede, construiremos uma edificação para habitarmos. E Deus estará no comando de tudo, para que não saiamos construindo "à torta e à direita" e tudo acabe por cair sobre nossas cabeças.  

sábado, 14 de janeiro de 2012

Pensamentos

Algumas vezes, paramos e não estamos mais ali. A mente se abre e uma janela para fora está aberta. Viajamos por memórias, desejos e sentimentos. Pessoas que queremos, situações que passamos. Tudo num filme rápido e nem por isso menos detalhado. Tudo intenso, tudo concreto o suficiente para causar um aperto no coração.

Decisões que tomamos, saudades daqueles que amamos, tudo isso no embalo do ritmo de uma música que ouvimos. É incrível como a mente e o coração se fundem, numa sintonia perfeita de sentimentos, sensações e pensamentos. Esquecemos de espaço e tempo, e estamos em uma dimensão só nossa, onde o que existe é apenas o nosso próprio "eu", a se vasculhar, procurando sentido, conforto, abrigo...

É como dar um mergulho num oceano. Descobrir rochedos há muito encobertos pelas águas da vida, que mudam constantemente de lugar, revelando ou escondendo montanhas dentro de nós. E é preciso muita coragem para se dispôr a ir de encontro a esses pináculos, que assustam por sua grandiosidade.

E, enquanto apenas nos deixamos levar pela leveza de nossos pensamentos, o tempo passa. Mas não importa, porque ele é a última de nossas preocupações. Viver fora do tempo é saber transcender, e quase sempre precisamos disso para respirar fundo, se encantar com uma bela música, e perceber o quanto uma pessoa amada faz falta. Então, que apenas se ouça um bom som, se esteja no lugar certo de encontro a um horizonte grandioso, ou qualquer outro convite a uma viagem prolongada por si mesmo.

Porque o que importa mesmo é este momento, e nada jamais irá substituí-lo.



domingo, 8 de janeiro de 2012

Encontro





Parar e não ouvir nada. Olhar para o escuro, e sentir a ausência. Não ver sequer a palma da própria mão na frente dos olhos. Tocar o nada, sentir o leve desespero do desconhecido, até se acostumar com a ideia de que não existe mesmo ninguém ali.


Às vezes precisamos nos deparar com a escuridão, com o vazio. Perceber o quanto a falta é assustadora nos ensina a não perder, a não deixar ir embora o que nos faz bem, quem amamos e quem nos ama. Nos ensina a não querer estar sozinhos, a amar uma companhia, o acolher de um abraço, a suavidade de um bom dia e o envolvimento de um simples beijo.


Que por um breve momento, possamos sentir o que é não ter chão para pisar, e lembrar o quão duro é não ter certeza, não ter o conforto de uma ideia a lhe preencher a mente, um furor a preencher a alma, e uma rocha dentro do coração. Para que assim entendamos verdadeiramente como é a vida de quem precisa de um ombro amigo, de uma palavra de apoio, de um abraço sincero, de um gesto de amizade.


Que o silêncio ecoe tão fortemente que possamos ouvir o pulsar de nosso próprio coração. Um encontro consigo mesmo, com os próprios pensamentos, anseios e desejos para perceber de verdade quem se é. Um retiro do tumulto cotidiano para se perguntar coisas simples, e se surpreender com as próprias respostas. Apenas você e você, frente a frente num lugar indefinível, onde apenas a verdade é possível de se apresentar. Sem máscaras, mentiras ou segredos.


Que possamos todos encontrar quem somos, e qual o motivo de estarmos onde estamos. Pois sem essas duas certezas, viramos apenas joguetes de nossas próprias rotinas, a se repetirem num ciclo interminável de estabilidade onde não existe um alguém, ou um propósito, apenas regras de sociedade a moldar uma face que agrade o suficiente para não ser considerada incompatível com o sistema.


Todos nós somos e merecemos muito mais do que isso.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Ano novo


Que seja mais uma etapa, que seja mais um começo. Que possamos encerrar o que deve ser encerrado, e começar o que deve ser começado. Mais uma vez podemos dizer que, de alguma forma, esta etapa foi terminada. Se com vitória ou luta, cabe a cada um avaliar. Mas a derrota não existe, porque a cada um é dado o direito de tentar de novo.

Que encontremos novas razões para mudar, viver e sorrir. Que encontremos uma pessoa nova para amar, ou motivos novos para amar aquela com quem já estamos. Novas conquistas, novos planos, novas realizações. Novas lutas, novas perdas, novos aprendizados.

Que não seja apenas uma mudança de calendário. Mas que a cada dia, deixemos Deus construir algo novo dentro dos nossos corações. Que não seja uma data para comemorar uma banalidade, mas que possamos encarar como uma nova estrada.

Que o medo de ter passado mais um ano não vença a alegria de ver outro começando, e o nosso medo de nos machucarmos não vença a nossa capacidade de abrir o coração a quem merece. Que possamos por fim sermos verdadeiramente novos, esquecendo os velhos preceitos que já se mostram inúteis. E que isso aconteça a cada dia, com a paciência de quem sabe de um ano novo significa que tem 365 (neste caso 366) dias para escrever uma nova história, antes que mais uma etapa acabe, e nos vejamos de novo fazendo promessas que jamais irão se cumprir.

Feliz ano novo a todos!

sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal



Dia de Natal. Dia de dar presentes, ganhá-los, juntar a família, cear, beber, cantar, rir. Lembrar que mais um ano está acabando. Esperar até meia-noite, esquecer todos os problemas por algumas horas.

Para depois começar tudo de novo. Esquecer de todas as coisas boas que pensamos, se é que chegam a ser pensadas, durante esse curto espaço de tempo. Será que o Natal significa isso mesmo? Fugir da realidade, fazer de conta que somos felizes, e depois lembrar que na verdade não é bem assim?

Será que precisamos mesmo de uma mesa lotada de gostosuras, sendo que a nossa própria alma é que carece de alimento? Um simples pão comunhado verdadeiramente traz muito mais alegria do que uma "família" que se senta à mesa, e sequer faz uma oração antes de se entregar à comilança característica dessa época.

Que hoje à noite, cada um tenha o seu momento de encontro com Cristo, que é o verdadeiro sentido dessa festa. E lembrar que Ele mesmo nasceu em uma manjedoura. Então não precisamos fazer regalias fingidas, dizendo estar festejando o nascimento dele. A única que Ele pede, e isso não só hoje, mas todos os outros dias do ano, é que sejamos verdadeiros e tenhamos amor uns aos outros.

Que hoje à noite, possamos lembrar do nascimento de quem, durante toda a sua vida, simplesmente se dedicou a trazer bem a quantos pudesse, e cujo pés trilharam um caminho que é exemplo para todos nós. E que, hoje, mas não só hoje, Cristo nasça dentro do coração de cada um de nós, crescendo e transformando a nós mesmos, sendo a luz para guiar nosso caminho.

Um feliz Natal a todos.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Fim





Hora de mudar. Sempre chegamos ao fim de uma fase, ao fim de uma história, ou então nós mesmos, cansados das mesmas voltas que sempre acontecem colocamos fim a ela. Há situações que se auto-sustentam, e não trazem nada além de pensamentos aflitivos para nossas mentes. E pôr um fim nelas é algo que apenas nós mesmos podemos fazer.


Não é necessária uma grande sabedoria para tanto. Basta apenas buscar quem te dê a capacidade para agir da forma correta, sem ter o medo do que virá. Porque ainda que seja difícil a princípio, depois de um tempo veremos que foi melhor tomar tal atitude, ao invés de manter uma paz que custa nossa paz de espírito.


A vida não é um campo de colheitas felizes, e sim uma colheita de tudo aquilo que plantamos. Ainda que o presente seja doloroso, é apenas nele que poderemos nos dar um futuro melhor, plantando frutos abençoados para dias vindouros.


Não tenha medo de agir. Não tenha medo de sentir o que deve sentir. Tenha medo de se trancar em um quarto escuro, à espera de um salvador. Porque Ele já veio, disse o que precisava dizer, e fizemos o que queríamos dele. E Ele ainda está aqui, a nos guiar pelos caminhos escuros que traçamos para nós mesmos. Confiança é se deixar guiar por dentre as sarças, com a certeza de que o matagal de espinhos que temos que enfrentar vai ter fim.


E enquanto não nos guiarmos por um referencial, iremos apenas dar voltas e mais voltas, andando em círculos, centrados apenas em nossos erros. O sol ainda brilha acima de nós, mesmo que por detrás das nuvens. Basta saber onde olhar, e procurar com sinceridade, porque se trata de uma luz acolhedora demais para não ser notada.


Assim, que a cada dia saibamos procurar o sol de nossas vidas, e não tenhamos medo de adentrar pelos recantos escuros de nossos corações, a fim de iluminá-los, refletindo em nós mesmos a luz que chega, para depois iluminar jardins mais próximos.


E que a chuva de amarguras que cai sobre nós, seja incendiada pelo amor de Deus que instaura em nós um novo altar, um altar consagrado pela paz de Cristo. E, quanto às coisas velhas que ver em chamas, apenas as deixe queimar, para que não sobre nenhuma lembrança amarga diante de seus olhos. Que as pedras que são muro entre você e seu destino derretam diante do fogo que o inflamará, e a sua vitória será apenas questão de tempo.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Coerência



Pegue um livro cujos capítulos contam histórias diferentes. A cada novo capítulo, uma maneira de escrever, uma nova história contada. É bem provável que ninguém vá gostar deste livro. Afinal de contas, ninguém entende e vê propósito em algo que não tem nenhuma unidade dentro de si mesmo.


Assim é a vida. Cada etapa de nossas vidas é um capítulo. E quando não temos unidade dentro de nós mesmos, viramos um livro de contos inacabados. Não há sentido, não há elo  que mantenha tudo aquilo que fizemos como sendo parte de algo.


Peças de um quebra-cabeças que não se encaixam, quase sempre são criadas por não termos um referencial de vida. A cada momento, algo diferente nos guia, porque não não temos nada que norteie nossas vidas. Somos simplesmente marionetes do destino, por assim dizer, e nossas reações, atitudes e iniciativas acabam sendo guiadas pelo que é melhor para o momento.


E então acabamos por não ter uma identidade, assim como um livro sem título. Somos um jogo de palavras cruzadas, onde qualquer coisa pode ser achada, bastando apenas ocorrer a situação certa. É extremamente  triste o fim de quem vive como uma pintura abstrata exposta num museu: as pessoas olham, não vêem significado, tentam entender, mas cada uma vê uma coisa. No início é divertido, mas depois de um tempo elas cansam, e vão embora, na busca de outra pintura que traga para elas algo mais que alguns riscos tortos sobre o papel.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Tempo certo



Engraçado como certas ideias maturam por um longo tempo dentro de nós, apenas no plano do querer e, de repente, todas as cosias cooperam para que ela venha a se cumprir. Não só os meios surgem, mas também dentro de nós surge algo que é mais que a vontade, é a própria capacidade de colocar em ação nossos planos. É necessário apenas esperar até que esse momento venha, até que um dia as coisas simplesmente começam a fluir.
Esse é o tempo certo das coisas. O tempo certo de aprender, de construir, de colher os frutos que plantamos. O tempo certo para rir e chorar, para falar e ouvir. No fim de cada etapa temos o que precisamos para continuar, para seguir vivendo cada dia de nossas vidas com a certeza de que temos algo a construir e algo novo para aprender. 
Não basta querer, é preciso saber querer. Saber entender, saber crescer e ver que a vida é muito além do que desejamos para nós mesmos. Existem outras pessoas, outras coisas que devemos fazer, e cada uma delas tem um tempo e lugar em nossas vidas, que é certo e se alterado, afeta todo o plano de nossa existência.
Assim, que tenhamos a paciência de saber que todas as coisas que devem ser serão, não apenas no tempo certo, mas também da maneira certa, porque por mais que façamos qualquer coisa por nossos objetivos, os fins não justificam os meios, e são eles que mais importam na história de nossa existência.

domingo, 27 de novembro de 2011

Acreditar



Não ver. Apenas saber, de alguma forma, que está lá, esperando por nossa chegada. É ver além, contra todas as possibilidades da realidade atual. Continuar caminhando, continuar tendo a certeza inabalável de que é possível. 
Talvez esse seja um dos grandes exercícios da vida. Tomar a decisão de que não seremos apenas corpos andarilhos que não conseguem ver nada além da realidade que vivemos. Sonhar é preciso, e sem sonhos não construímos novas vidas. 
Sem acreditar, não fazemos nada além de nos conformarmos com o que temos. É simplesmente dizer: não sou capaz, não é possível. Mas para Aquele que nos conduz, todas as coisas são possíveis. E com Ele, podemos ir longe, além de tudo que sequer imaginamos um dia.
E, quando não conseguimos o que acreditávamos, então podemos ter duas reações. Nos revoltarmos e buscarmos o que planejamos a todo custo, perdendo precioso tempo de nossas vidas, ou aceitarmos que o melhor aconteceu. Continua sendo, da mesma maneira, o simples ato de acreditar. 
E mesmo os que se rebelam, um dia fazem uma re-leitura do que se passou. No fim você olha para trás, vê tudo que fez, dá um suspiro, abaixa a cabeça por um momento e então segue adiante.
Recomece todos os dias, porque no início de todos eles é necessária uma decisão: a decisão de fazer o que deve ser feito, acima de qualquer outra coisa que se queira, se deseje, se imponha ou simplesmente te atraia...
Nem sempre é fácil, e há sim coisas que simplesmente não podemos enfrentar sozinhos. E aí está a perfeição da vida e de quem cuida de nós: a verdade é que nunca estamos sozinhos, e mesmo que todos nos deixem, nossa fé nos dá a certeza de que mesmo nesses momentos, temos sim a quem recorrer.

E isso faz toda a diferença.

sábado, 19 de novembro de 2011

Verso, estrofe, história




Cada texto tem seu estilo, sua linguagem, o seu modo de levar ao leitor as ideias que ele traz consigo. Rodeios, pequenas comparações, até que o seu verdadeiro propósito seja revelado. Uma palavra de cada vez, o todo é construído. 
O mais fantástico, é ver as possibilidades da escrita. A linguagem é algo vivo, dinâmico, que tem em si uma individualidade, característica de quem a criou. Uma marca que marca. Estilo é algo que se tem, não se constrói, compra ou rouba. E autenticidade é simplesmente uma questão de honestidade. Honestidade consigo, com os outros...
Talvez a vida seja como um texto. Cada dia, uma palavra. Cada experiência, um capítulo. E cada história, uma existência. Todos temos ideais, conceitos, e nossa individualidade. E, com toda certeza, nosso propósito. 
Um texto, deve ser lido com a paciência de saber que no momento certo os porquês são revelados. Um texto, deve ser lido com a certeza de que o final ao menos explicará o porquê de todas as coisas terem acontecido. 
E assim é a vida. Não sabemos o final e muitas vezes os porquês. Mas sabemos que um dia, um dia a nós será mostrado o porquê de todas essas estranhas coisas que nos bombardeiam, virem a acontecer...

domingo, 13 de novembro de 2011

Indescritível



Algumas vezes passamos por situações que fogem a qualquer palavra que possamos usar. É algo tão sutil, tão intenso, tão surreal, que simplesmente perdemos a capacidade de fala. É simplesmente impossível dizer o que se sente, o que se quer sentir, o que se quer viver. Apenas sentamos e choramos, porque é a única manifestação que podemos demonstrar da tempestade que revolve o nosso espírito. Até que alguém venha e consiga nos entender e, num abraço apertado, diga em nossos ouvidos: "Vai dar tudo certo."

Essa muitas vezes é a voz de Deus a soprar em nossos ouvidos um ânimo renovador, que revolve até os recônditos do nosso ser, e começa a colocar as coisas no lugar. Um pouquinho de ânimo, um pouquinho de força, para poder recomeçar. A vida é feita de quedas, mas o que define ou não a sua postura é a vontade que tem de se levantar.

Toda caminhada é feita dando um passo de cada vez. E é simplesmente fora do nosso campo de descrição, a sensação de ter alguém caminhando ao seu lado. Aquela pessoa que te lança um olhar de compreensão quando nem você mesmo se compreende, e que está disposta a caminhar o tempo que for preciso até que você esteja bem, e seus caminhos levem a novos rumos.

Em tudo isso, Deus age, dando a todos nós a oportunidade de continuar. Mas primeiro precisamos nos permitir isso, deixando as sombras do passado para trás. Sem elas, apenas sem elas é que poderá virar a página e começar a escrever o futuro, um futuro sem chagas, dores e arrependimentos. Apenas com a força do Pai, podemos vencer anos de lutas, um dia de cada vez, porque apenas as crianças têm a sensibilidade e confiança de começar a subir uma escada cujo fim não vêem.

Que sejamos eternamente crianças, onde o mundo consiste em um espetáculo constante, onde o show da vida é algo que transcende a nossa alma. É algo simplesmente...

INDESCRITÍVEL.

domingo, 6 de novembro de 2011

Amar


Simples. Puro. Espontâneo.
É estar ao lado de alguém porque quer, porque não tem motivos para ir embora, porque aquela pessoa simplesmente te completa. É estar ali porque vê mil motivos para ir, mas apenas um para ficar. Não é necessário grandes sacrifícios, porque nada é sacrifício quando se ama. Acordar todos os dias, e se apaixonar novamente ao ver aquele par de olhos se abrindo diante de sua face. 
Cada um tem sua forma de expressar, mas existe apenas uma de amar. Não há nada tão grandioso quanto ver um filme ao lado de quem te faz bem, nada tão pequeno quanto o tempo que você gasta com essa pessoa, e nada tão doloroso quanto vê-la partir. É gratuito, é aconchegante. Quem não busca alguém que veja o que ninguém mais vê em você?
Entregar-se, compartilhar toda a sua vivência, e simplesmente resumir em três palavras um universo inteiro de sensações: Eu te amo.
A cada um, uma forma de ver a vida. E a cada um, uma forma de viver a vida. Mas a cada um, uma forma de estar vivo. Amar é viver, sentir, rir da chuva, rir daquelas pequenas coisas que normalmente passam imperceptíveis aos nossos olhos. Ame todos os dias, ame as coisas boas e ruins da vida, porque elas de alguma forma fazem você ser alguém melhor.
Ame a si mesmo, e perdoar cada falha será simplesmente corrigir nossas imperfeições. Apaixone-se por tua existência, e cada dia dela será uma experiência única. Ame seus amigos, e verá que sua família é muito maior que você poderia imaginar. As grandiosas obras da vida não são feitas pelos que têm força, inteligência ou recursos materiais. Quem ama faz os maiores sacrifícios, está sempre disposto a ajudar e, mais que isso, está disposto a corrigir, ainda que em um primeiro momento não seja compreendido.
Ame na simplicidade, ame na mais completa verdade. Jamais pense que não existe alguém para você, porque está rodeado de pessoas que são para você, cada uma à sua maneira. E não é necessário mais que um coração pulsante para viver. A dor da solidão atinge aqueles não buscam companhia e, como muitos dizem, o amor aquece. Mas para isso, deve haver troca. Um aquece o outro. Dois braços solitários não fazem um abraço, nem duas bocas distantes um beijo.
Nem sempre quem amamos nos ama. É hora então de aprender a amar da maneira que essa pessoa possa responder. Isso é amar, é estar disposto a se modificar, a buscar novos meios de estar com quem se quer. E se nos machucamos, sempre existe remédio. Basta procurar de verdade. 
Estar sozinho não é de forma alguma estar solitário. Solidão é estar no escuro, sem uma luz que te aqueça, uma mão que se erga na sua direção, e alguém que dê a vida por você. E por mais que ninguém faça isso por você, uma pessoa já fez isso, e todos os dias cuida de você. É tudo que precisa para começar. E o que vier depois, acredite: Ele vai te ajudar.

domingo, 30 de outubro de 2011

Páginas da vida



Nossas vidas sempre possuem fases. Nelas, passamos por alegrias, tristezas, momentos difíceis... Sempre fica uma marca de cada etapa, cada época de nossas vidas. Um amigo que se foi, um amor que se perdeu, uma prova que se venceu. E sempre ao fim de cada uma delas, percebemos como foi bom terminar, apesar da saudade daquilo que foi bom martelar a memória, e queiramos voltar a eles.
Mas nada volta. O que passou não volta mais, e o que perdemos ficou para trás. Hora de continuar, hora de prosseguir, sem vacilar, sem olhar para a estrada que nossos pés já conhecem. Hora de se aventurar, de se arriscar. E mais que isso, novas provas enfrentar, e saber que aquelas que não vencemos ainda, serão com certeza enfrentadas novamente, até que consigamos superá-las.
O mais importante talvez seja, saber que cada uma dessas etapas é uma página em nossas vidas. E, como um amigo meu me disse, essas páginas estão cheias. Não podemos escrever mais nada nelas. Hora de encerrar, encarar a nova página em branco, e não perder mais tempo rabiscando mal traçadas linhas sobre o que já está escrito. Nunca será o original, e apenas borrará o que já foi feito, pensado, vivido. Ou seja, simplesmente não será real. Será apenas uma fantasia a nos atormentar cada dia por se descobrir como uma farsa, uma tentativa de fazer o passado ser o presente, da maneira que queríamos que ele fosse, sendo que na verdade, devemos trabalhar no presente para que o nosso futuro seja o mais próximo possível do que desejamos.

domingo, 23 de outubro de 2011

Palavras



Palavras que constroem, edificam, destroem. Palavras que doem, curam, saram. Podem fazer com que seu dia seja o mais especial da sua vida, ou o mais terrível dos seus pesadelos. Cada uma carrega um significado, uma intenção e um recado. Dependem do contexto, da entonação.
Um amigo que diz uma palavra de conforto, traz um refrigério. Um simples "eu te amo" muda sua forma de ver a vida. Um pequeno e confidencial "sim" te traz dias novos, compartilhados com alguém muito mais que especial, alguém feito pra você.
Palavras. Não devemos ter medo de usá-las. Devemos temer como usá-las. Que saibamos frear as inúteis, as pesadas, as destrutivas. Que saibamos ter o equilíbrio de não nos afetarmos a ponto de soltar um arpão contra o coração de quem está perto. Que cada sílaba proferida por nós seja apenas uma demonstração de amor ao próximo, e mesmo a mais dura das correções será envolvida em compreensão, humildade e carinho.
Esqueçamos as palavras rudes. Elas não servem para nada além de momentos de perdão no futuro, onde nos arrependeremos de cada uma delas, momento que perdemos completamente a razão.
Que não tenhamos medo de usar as palavras certas, todas aquelas que mostram o quanto nos importamos, sentimos... Cada frase seja uma imagem perfeita e equilibrada do que devemos ser, do que devemos buscar. Não tema as poucas palavras profundas. Tema a abundância inútil, vazia de significado. O silêncio também tem seu significado, que muitas vezes é mais expressivo do que qualquer frase que poderia ser dita.
Mas que, acima de tudo não esqueçamos uma coisa: Não importa quantas palavras você diga a uma pessoa, apenas um olhar poderia substituir todas elas.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A arte de ser autêntico



Não há nada como a autenticidade. Cada ação ter uma "assinatura" característica de quem a executou, deixando claro a todos: este sou eu. Pode parecer algo óbvio, mas nem sempre somos capazes disso. Porém, é o que sempre devemos buscar. Ser autênticos em tudo nas nossas vidas. Nossas ações, palavras e gestos, todos eles devem ser uma marca nossa, onde estivermos e para aquelas pessoas com quem estivermos.
Modelos são aplicados a situações padrão, e uma cópia só é nada mais nada menos que um retrato do original, e nunca terá o mesmo valor que o original. Eis a arte de ser autêntico, de ser original em tudo que fizer. Todos nós temos um referencial, mas cada um tem a sua individualidade. Não somos simples peças de um quebra cabeça a se encaixar num propósito comum. Muito pelo contrário, o propósito é individual e somente de cada um. Pode soar estranho, mas é isso mesmo. Duas pessoas possuem tarefas e missões distintas. 
Não podemos nos deixar enganar pela massificação das mentes. Senão nos tornaremos uma produção em série de mentes coordenadas e sintonizadas na mesma frequência, a realizar as mesmas coisas, ter as mesmas ideias. Será o mundo perfeito da não-existência de diferenças, pois todos seguiremos os mesmos passos numa dança, coreografada por alguém que teve a visão dessa realidade, e soube olhar de cima dela.
Que cada um dance em seu ritmo, cante no seu tom, e fale com suas palavras. Numa orquestra, é a soma das diferenças harmonizadas que gera o espetáculo. E parece que cada vez mais, estamos nos esquecendo disso. Não é à toa que até no cenário musical as músicas estão ficando cada vez mais parecidas, com construção musical e literária cada vez mais carente de originalidade. Vivas à igualdade de pensamento.

domingo, 9 de outubro de 2011

Clichês



Já estamos cansados de ouvir certos clichês, que não saem de nossas vidas. E realmente, muitas vezes vemos pessoas enterrarem seu discursos utilizando frases de efeito que tornam uma conversa em uma simples massa de bolo pronta e que acabou de sair do forno, tirando a genialidade e autenticidade do que expressam. Quando ouço certas frases, sinto quase que uma agressão à mente das pessoas. É como se não fôssemos capazes de suportar algo mais elaborado, verdadeiro e profundo.


E com isso nos tornamos cada vez mais superficiais. Esquecemos o que é uma fala elaborada, uma conversa verdadeira, pensamentos autênticos e, principalmente a simplicidade. Sim, simplicidade. Porque essas frases feitas entram como aqueles glacês ruins de bolo. Açucarados, sem consistência e, sobretudo, enjoativos. Talvez por isso as coisas mudem tão rapidamente no nosso mundo. Procuramos sempre novos sabores, porque o que temos já saturou nossa capacidade suportar. Ao mesmo tempo, é uma busca por algo que seja mais que uma casca vazia de palavras bonitas. Necessitamos disso e, ainda que nos acostumemos a essa realidade de superfície, não deixaremos de desejar algo que tenha algo mais.


E a busca por isto, apesar de ser uma das mais importantes de nossas vidas, deve ser feita com cuidado. Senão seremos apenas o próximo cliente, o próximo espectador. Sempre iremos ter desejo de mais, não porque somos insaciáveis, mas porque não é oferecido nada com um verdadeiro conteúdo. Apenas uma cultura de "pão e circo", a encher nossas mentes de objetivos sem um fim, induzindo os nossos passos ao distanciamento de outras pessoas. Cada vez mais, nos preocupamos em satisfazer nossos desejos, porque a sede de realizá-los só aumenta com o tempo que nos expomos a essa perigosa combinação, pois mais tempo perdemos, e nada adquirimos.


Com o tempo acabamos fechando nossos olhos, e não vemos nada mais além dessas superficialidades. As pessoas, ideias, crenças e sentimentos passam todos a consistir nisso, num mar raso onde podemos sempre ver o fundo. Detemos a verdade, e qualquer um que nega isso é um insano, ignorante, um débil ser a se debater contra o a casa que cremos possuir. Até que ela rui, e vemos que não é bem assim.


Assim, não nos deixemos levar pelos clichês que andam soltos pelo mundo. Cada um tem o dom da originalidade, e duas pessoas não tem que falar da mesma forma a respeito de uma única coisa. Essa é a beleza da vida, e expressa a individualidade de cada um.


"Mais vale uma cabeça bem feita, a uma bem cheia"

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Simplicidade

                 " Vai diminuindo a cidade
Vai aumentando a simpatia 
Quanto menor a casinha
Mais sincero o bom dia"
PatoFu


Engraçado como poucas palavras, pequenos acontecimentos, coisas que muitas vezes nem notamos podem acabar fazendo a diferença no nosso dia. Essas pequenas coisas, aquelas que raramente pensamos em fazer por alguém, elas mudam completamente a forma como nós pensamos, sentimos e vivemos tudo aquilo que nos cerca.
Um bom dia, uma pequena mensagem, um telefonema. Não temos tempo para aquelas pequenas coisas, mas se não temos tempo para elas, teremos para as grandes? Buscamos a sofisticação de tudo. As relações são regadas de capas de futilidade, e todas as nossas obras tentam a cada momento competir na sua majestosidade. E é por isso que dizemos que não entendemos o mundo pois, se não entendemos o que é simples e está claro diante de nossos olhos, como será possível que entendamos o que é mais complexo e se mascara por detrás de nossas obras belamente emolduradas?
Quando nos acostumamos aos nossos traçados suntuosos e nos deparamos com algo simples, acabamos por procurar por aquelas mesmas complicações que criamos sobre o que não tem nada além do que se mostra. E distorcemos a realidade, adaptando-a aos nossos próprios meios, objetivos e conceitos. Fazemos isso sempre, uma forma inconsciente de querer ajeitar o mundo à nossa maneira. Acabamos nos perdendo em nossos próprios devaneios, e temos uma catarata espiritual. A visão se embaça, e apenas formas e esboços se desenham diante de nós.
Simplicidade. Acabamos por descartá-la, dando lugar aos suntuosos castelos de formalidades, estilos, objetivos. O padrão não é simples, e sim uma miríade de regras, etiquetas, posturas incompatíveis com um ser humano, e sim com um objeto. E é isso que nos tornamos, uma marionete das tendências, nos diversos campos de nossas vidas. 
As pessoas deixam de dizer o que sentem, por não quererem parecer sentimentais demais, o que é um defeito, uma fraqueza. Não se cumprimenta a pessoa que está ao seu lado no ônibus porque ela é uma estranha. Bom, mas sendo assim, não conheceríamos ninguém em nossas vidas, pois no início somos todos estranhos uns aos outros.
Os discursos, não só a nível político, mas também pessoas em nome de Deus, dentro de suas famílias, em nome de uma bandeira qualquer, enchem seus textos de palavras e expressões incompreensíveis, como que a denotar uma superioridade, que mostra que aquele deve ser o exemplo. E esquecem que nós mesmos não somos exemplo para ninguém, e sim pequenos seres falidos que tentam arduamente seguir Um exemplo. 
Assim, a melhor forma de alcançar alguém é pela voz da simplicidade. Não complica demais a ponto de se tornar impossível de entender, nem superior demais para ser inalcançável. Apenas está ali, diante de quem ouve. E, mais que isso, quando nos despimos das vestes de requinte, acabamos por perceber as pessoas que verdadeiramente estão ao nosso lado, e vivemos uma vida completa e verdadeira. Não basta saber, criar e ter, é necessário também ver e ouvir e, enquanto nos recusarmos a isso, seremos sempre escravos dos sistemas que criamos.