terça-feira, 13 de março de 2012

Déja vú


Olho por este lugar
Algum aqui já estive a caminhar
Não me lembro bem o porquê
Dessa estranha sensação em mim nascer


Já vi estas flores antes vivas
Que deixariam as faces de um poeta lívidas
Tal o majestoso esplendor
Uma explosão de beleza num mundo feito de cor


Que agora se encontra em lenta perdição
E a graça da letra que desbota
Encontra-se sob o calor da minha ensanguentada mão
Crava com espinhos das rosas, que enchem essa casa torta


Num diálogo com as sombras
Fugindo de traiçoeiras cobras
Andando por dentre caminhos que já percorri
Mas que andam vazios como jamais eu vi


Seguindo adiante na dúvida se não vou para trás
Em paisagens mais conhecidas minha certeza já aqui jaz
Esta casa nunca habitei
Mas cada cômodo seu eu já provei
E continuo caminhando por dentro da remota lembrança
Encontrar alguma resposta, está aí minha esperança


Descobrir porque a deixei
Mas mais que isso
Descobrir porque voltei
Quase ouço meu eu omisso
A descartar a vida que foi deixada pra trás
Que em fogo de injúrias, ainda hoje se desfaz


No ritmo das novas canções
Mas que me remetem aos meus antigos padrões
Lavando a falsa imagem do presente
Escrevendo uma carta na qual sou destinatário e remetente


Até que encontre o espelho derradeiro do meu ser
Onde passado e presente eu possa ver
Quando não vai haver diferença entre o que fui e o que sou
Pois do mesmo cálice, o paladar de ambos provou
Com a certeza da diferença da ida
De uma causa que agora não é mais perdida
Promessa de um novo céu azul
O qual busco ao viver esse intenso déja vú

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