sexta-feira, 27 de junho de 2014

Porto



Pôr do sol à beira da praia. Canto de gaivotas chorosas ecoando pelo ar. Aquela brisa meio fria, anunciando que o dia se acaba. A areia, porém, ainda está quente, relembrando o calor do sol que a aqueceu durante o dia. E enquanto as águas se tingem de laranja, a nostalgia é tudo que se sente no ar.
Uma porta que se abre, deixando uma morada sem dono. Ou talvez ela até tenha dono, pois não se sente de todo vazia. Cada objeto, cada quadro pintado, cada detalhe que foi configurado no estilo daquele morador. Quem sabe o que o tempo irá preservar para memória do futuro? Nada como a doce e calma paciência de saber que um dia sempre vem após o outro.
Mas hoje, este exato momento, é o dia da saudade. Das lágrimas furtivas, enquanto o coração sabe que, no final das contas, tem de ser assim. As marcas das pegadas deixadas para trás são o consolo de que se despede de alguém que continuará a caminhar. De resto, são apenas cores belas pintadas numa parede branca da sala, mostrando que por ali esteve um artista.
Enquanto se dá o último abraço, se sente uma tristeza, um pequeno vazio de porquê. Mas, por outro lado, se sente um calor, um aconchego daqueles dias já idos, que consolam as lágrimas que querem vir, tal qual aqueles últimos raios de sol que teimam e brilham na penumbra do fim da tarde. E, mesmo nas noites mais amargas, cheias da solidão de estrelas frias e distantes, ainda poderá se ouvir, no sussurro do vento que carrega as folhas caídas pelo chão, o consolo que vem dos céus, em uma só frase: "Nenhum adeus é para sempre".

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