sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Harmonia



Ruas estreitas de uma cidade antiga
História congelada, realidades vividas
Mãos ternas que cuidam dos jardins
Flores de todas as cores, desde margaridas até jasmins

Olhares sinceros, atenção mútua
Pássaros nas árvores, das quais surrupiam suas frutas
Enquanto nos caminhos se encontram os amantes
Furtivos e inocentes
Com a vida ainda a encher seus abraços quentes

Ah! Paixão efervescente
É brilhante como esta lua crescente
Que se enche pouco a pouco de luz
Até ser disco completo, uma esperança até o sol nascente

Ah! Música da vida
Uma orquestra infinita
Com a harmonia de sopros e cordas
Mesmo com os bárbaros e suas hordas

O mar se enche de calma
E alguns dias também de fúria
Só quem vive à beira da praia
Sabe quão grande e solitária é sua injúria
Em um ir e vir de marés que beijam a terra
E que carregam consigo os sonhos dos que nele lavam seus pés

Enquanto cortam pelos ares os motores altos e ruidosos de um avião
Que como em um piano choroso
Levam consigo a partida e o perdão
Num misto de gozo e tristeza
Da partida para o além
Mas também daquilo que fica para trás no chão

E enquanto as gaivotas choram na praia
Convidam como um violino à saudade daquilo que não se viveu
Mas que se sente tão sólido, triste e belo como o choro de uma gaita
Soprando sentimentos corpo adentro
E lembrando a alma de suas cores infinitas
Com as quais colorirá também
Os campos e vales em seu redor, trazendo os traços de um autêntico artista

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