segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O cultivador de estrelas


Mais que o reflexo no espelho
Mais que o concreto desejo
Além das curvas das dúvida
Muito além dos fechados bosques de criaturas mudas
Mais intenso que um sonho de madrugada
E mais atraente que as musas de antigas lendas gregas contadas

Tão suave quanto o canto de uma mãe no leito
Tão sedento quanto um bebê que ainda mama no peito
Tão sublime quanto um afresco antigo
E tão sensível quanto um poeta sem destino

Feito por mãos sábias, pertencentes ao destino
O chamado logo ali, já se ouve o badalar do sino
E uma flauta que ao longe toca
É a vida que canta, para o futuro ela se desloca

Em meio a montanhas cobertas da neve da indiferença
E vales cheios de vida, por aqueles que têm no próximo sua crença
Em rochas ásperas, maltratadas pela história
Ou em carvalhos tão velhos, que já se perdem em sua memória

Seguindo rios serpenteantes, calmos como anciãos
À sua margem seguem aqueles, que entre si se deram as mãos
O infinito é belo de se admirar
Quando o medo de si mesmo, em fogueira reluzente à noite se faz queimar

Em redor há olhos por todos os lados
Uns reluzem com mil estrelas, outros são escuros como profundos lagos
Mas em todos eles há pelo menos uma estrela
Nela se pode acreditar
Que mesmo lá no fundo do universo
Existe vida a exalar
E seja por música, silêncio, dor ou perda
Um dia essa luz irá exalar

Mãos que tateiam em busca de um pouco de alma
Mesmo quando ela atrás de muros se esconde e perde a calma
Venha cá, minha querida
Hoje quero apenas te abraçar
Venha cá, minha doce irmã
Que para você irei cantar
Me dê sua mão, alma tão bela
Que a ti mesma quero te revelar

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