domingo, 10 de abril de 2011

Chamas

Me recolhi em mim mesmo, pois tudo lá fora está frio e coberto de neve. Escondo o calor que ainda me resta, para que o gélido clima que impera não o aparte de mim. Há esperança, esperança de um novo verão, e essa esperança aquece, calor aconchegante que aquece tudo que há dentro de mim.

Olho por breve momento pela janela. Lobos assaltam os que se perdem nos caminhos lá fora, e os incautos congelam, pois crêem que com seu próprio calor podem vencer o frio.

Pior que o frio que vem de fora, é o frio que vem de dentro. Cada batida do coração leva apenas o cortante e doloroso frio ao corpo. E este se desespera, bucando algo que o aqueça, e não encontra. Não entende que a chama cresce de dentro, crescendo e se tornando real fonte de calor.

Uma pequena chama, fraca, débil, tal qual a frêmita luz de uma vela, quando maior é a escuridão ao redor, mais ela brilha. Atrai atenção, revela o espaço ao seu redor, mostrando ao gélido mundo que há muito mais que simplesmente branco e tons de cinza.

Revelar-se é correr o risco de ser apagado. O inverno resiste, e muitos lutam por ele. Mesmo dentro de nós, por vezes resistimos ao calor. Mas, ainda que uma chama seja apagada, ela jamais será esquecida. Pois enquanto ela brilhou, pode ter trazido um novo verão para outros, que viram e sentiram o aconchegante brilho e calor daquela pequena luz.

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