sexta-feira, 1 de abril de 2011

Fuga

Existe apenas uma certeza quando estamos totalmente convencidos de que não podemos enfrentar algo: fugimos. O medo move nossas pernas, ou as paralisa onde estamos, e buscamos refúgio daquilo que nos ameaça. Esquecemos de tudo que nos apoiaria naquele momento, vemos apenas que não podemos fazer nada. Falta a solidez de espírito para enfrentar os monstros que aparecem nas nossas vidas.

Mas existem monstros e fantasmas que nós mesmos criamos, e no final acabamos por temê-los devido ao que acreditamos que eles sejam capazes de causar a nós. Não nos lembramos que a origem deles está em nós, até mesmo para evitar a culpa e assumir a responsabilidade pelo que está acontecendo no presente.

E fugimos.

Fugimos da realidade, de nós mesmos, de tudo. Nos entregamos às mais diversas formas de alienação possíveis, alimentando a força que esses fantasmas têm sobre nós. Mas, como é dito no filme "V de Vingança", um símbolo só tem poder para aquele que dá valor a ele.

Qual valor temos dado aos símbolos de nossas falhas, como se as aceitar fosse a maior das dores? Quanto tempo mais continuaremos dizendo: eu não consigo, eu não posso, fulano me atrapalha, tal coisa me impede, para TUDO que nos desafia em nossas vidas? Esse medo infundado não só de falhar, mas também a incapacidade de assumir nossas falhas, quando criamos máscaras, não só para enganar o mundo a nossa volta, como também a nós mesmos?

Enfrentar todas essas coisas não é fácil. Mas as cicatrizes que ficarão dos espinheiros que arrancaremos nos ensinarão a não cultivá-los mais. Porém, enquanto a coragem para enfrentar estes espinheiros não for maior que eles mesmos, os veremos crescendo. Não porque eles têm vida própria, mas porque nós mesmos os fazemos assim.

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