segunda-feira, 21 de julho de 2014

Diálogo


Se encontraram. Um havia já externalizado seu pensamento. Irônico, sarcástico, baseado em leituras de manchetes, que não informam toda a notícia. Comentou, baseado em seus conceitos anteriores, já definidos com base naquilo que aprendeu ao longo da vida. Se informar? Não, eu acho que isso é assim, e pronto.
O questionador. Apresenta suas ideias, emaranhadas em agressões com relação à capacidade mental do interlocutor. Agressivos, eles começam a se estranhar, trocando tiros carregados de rótulos. Quem conseguir empacotar o outro, para vendê-lo como um produto descartável no mercado das ideias, ganha. Porque o que importa não é debater sobre sobre quem está certo: o que importa é provar que o outro está errado, massacrando-o e provando como ele é inferior intelectualmente. Um conservador, atrasado, ridículo, reaça. Um libertino, depravado, esquerdista. Opiniões? O que significa essa palavra mesmo?
Argumentação é sinônimo de perda de tempo. Educação é um princípio básico esquecido e guardado apenas para os que demonstram ter a mesma opinião. Pluralidade de ideias? Não! O mundo está dividido entre bem e mal, e esse mal precisa ser erradicado, humilhado, destruído e tornado em pó. Se o outro pensa de uma forma que não é a própria, isso não agrada, ofende, é crime.
Se o outro possui uma conduta diferente da que se vê como normal, ele é um destruidor da ordem. Ou um mantenedor de uma ordem opressora, mantida por guardas do leão real, preguiçoso, gordo e arrogante. O que ambos os lados esquecem, é que estão lidando com pessoas. Pessoas que têm ideias, limitações, defeitos, qualidades, e também receios. E, principalmente, ambos os lados esqueceram, ou sequer aprenderam, o que é, de fato, a atitude de dialogar. Talvez ainda precisem aprender que, ao tomar a decisão de mostrar a um terceiro um novo ponto de vista, não se faz isso destruindo o que ele já tem como sólido. É como um engenheiro contratado para reformar uma casa, chegar quebrando todas as paredes, sem apresentar um novo projeto de construção. Aquilo será visto como um ataque, e não como algo bom. Porque ninguém gosta de ver suas bases sendo ridicularizadas e jogadas pelo chão. 
A verdade é que boa parte dos conflitos do mundo, tanto atuais quanto os já passados, poderiam ter sido resolvidos de outra forma, se a arrogância em se mostrar superior não fosse o mandatário das nossas falas. O tom alterado e provocativo só pode ter uma consequência: a violência. Seja ela verbal, ou em casos mais extremos, fisica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário