quinta-feira, 23 de abril de 2015

O chamado




Ar que toma os pulmões 
Um estrondo enorme no espírito
Mais forte que o ronco de cem aviões
E enquanto muitos jazem e sonham com a solidão
Ali agora descansa um guerreiro
Vendo os dias inglórios que se seguirão
Num pronfundo clamor
A entoar um cântico que domaria
Até mesmo os já arredios espíritos tomados pelo terror

E enquanto quebrantado de joelhos por aquele amor
Sente em si tremor, terror
Mas ao mesmo tempo um tenro abraço de pai
Para onde toda aquela antiga dor se esvai
E enquanto lágrimas e mais lágrimas correm para o chão
O coração rebelde se abre, mostrando a quem aquela cena testemunhasse
A sublime paz da sincera redenção

Então um pé, e depois o outro
Subindo ainda envolto naquele abraço invisível
Surge de novo aquele velho guerreiro
Mais forte, mais belo, sabendo ser um mero passageiro
Que sabendo que mesmo trazendo em si a escuridão soturna da noite
Também tem consigo a lua e as estrelas
Que não permitem que o chichote do vazio o açoite

Criado em seu próprio universo
Pôde agora enfim aprender
Que é natural o ser humano ser controverso
Com os espírito em fogo vivo como no fim de tarde um pôr-do-sol
Ouve com arrepios, olhos fechados, respiração ofegante
Aquela voz esperada, límpida e pura como as águas de um atol

E se deu conta de que ela estava ali o tempo todo, com paciência a esperar
Pelo dia que finalmente
A si mesmo ele iria perdoar
Permitindo que nascesse mais uma vez
Um sol vivo e belo, que no céu de su'alma agora iria brilhar

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