quarta-feira, 29 de abril de 2015

Ave maria



Silêncio quase que tocável 
Leve frio frio vento de primavera
Em uma varanda alta e confortável
Vem todos os dias à espera

Horizonte distante, mas límpido
Uma visão majestosa do infinito
Que enche não só os olhos 
Mas também todo o espírito

E por mais cansado que se possa estar
Toda frustração perante tal natureza
Para longe, rendida, se deixaria levar
Quase que a ver naqueles montes flutuantes um rosto a mirar
Com bondade para baixo, a seus filhos abençoar

Entoando ao longe em um rádio uma voz clara e cristalina
Fala de milagres passados, ela fala de vida
Em momento mais oportuno não poderia vir lembrar
Que os amores de mãe são impossíveis de se igualar

E enquanto cada vez mais vai se deixando levar
O coração embalado em consolo se permite descansar
Pois estendidos nos céus
Braços de amor perfeito agora consegue enxergar

E quando um leve raio de sol por entre as nuvens consegue escapar
Olhos úmidos agradecidos ele faz brihar
Até que nas memórias surge aquela velha face conhecida
Tão longe agora, mas que nunca foi esquecida

Então quando a voz e a luz aos poucos embora se vão
Juntando as mãos, olha para cima uma vez mais
E sente em seu íntimo uma pequena comoção
É promessa eterna que de novo real se faz
Pois aquele véu azul de mãe cobriu
Outros tantos recantos por aí que também buscam a paz

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