A carência é o sentir falta de algo, sentir um vazio em uma parte ou em todo o nosso ser. É não estar completo, porque algo que desejamos não foi alcançado ou não está mais presente. E, por reação natural, buscamos preencher esse vazio. Mas com o quê?
Na maior parte das vezes, buscamos preencher nossos vazios com algo que simplesmente evapora, deixando-nos simplesmente com a angústia de conseguir mais. E, tentativa após tentativa, vamos nos perdendo, porque essas realizações voláteis não apenas nos deixam vazios novamente, como corroem o que tínhamos de sólido, por termos dado essa brecha.
De uma rachadura pode vir a ruína de um prédio inteiro, se não a preenchermos com um bom material de construção. Cuidar dos próprios vazios é cuidar da própria estrutura, da própria vida.
Sabemos bem, desde muito tempo, o que fazer para nos preenchermos verdadeiramente. A atual carência de base da nossa sociedade se deve apenas ao fato de que não queremos abrir nossos olhos para a grande verdade da vida. E nesse meio tempo as rachaduras aumentam, tornam-se fendas e por fim levam ao desabamento.
Reconstruir nunca é o problema. O problema é que nunca precisaríamos fazê-lo se tivéssemos uma base sólida que nos livrasse da carência. Que ela existe, não há dúvida. A única dúvida que persiste é se buscaremos as felicidades voláteis e expansivas, ou A felicidade, nobre, humilde, contida em si mesma e, ao mesmo tempo, inesgotável.