domingo, 11 de setembro de 2011

Terrorismo

Ao longo de toda esta semana, o foco central do jornalismo foi relacionado aos atentados de 11 de setembro de 2011, dez anos atrás, contra as torres do World Trade Center. Logo após foi declarada a guerra ao terror, na qual era necessário eliminar um mal que pretendia apenas destruir a boa e forte nação denominada Estados Unidos da América. Não podia deixar passar em branco essa data, e aqui deixarei algumas consideraçoes a respeito de tal fato.
A primeira delas é que da forma como recebemos os fatos, tudo parece uma conspiração surgida quase que do nada, alimentada por um simples ódio doentio e diabólico por parte do Talebã, em união com a Al Qaeda. Ainda que não tenha sido relatado na época, e o seja pouco até os dias de hoje, houve todo um contexto envolvendo essa relação conflituosa entre os EUA e o Oriente Médio, onde não só interesses políticos estiveram em jogo, mas também, e em especial, os econômicos.
A bandeira que foi hasteada na luta contra contra o Iraque e o Afeganistão foi quase a de uma Guerra Santa, uma neo-cruzada, com o fim de eliminar os inimigos da paz. Inescropulosamente apreoveitando a morte daquelas pessoas inocentes em Nova Iorque, foram adotadas medidas que levaram à morte de outras tantas nos países invadidos.
Outro ponto bastante importante a ressaltar é a própria ideia do terrorismo. Ao ser pronunciada, sempre nos remete a atentados com homens-bomba, muçulmanos fanáticos que lutam em prol de uma causa fantasiosa, para não dizer algo pior. Porém o terrorismo em essência é muito mais antigo que imaginamos.
Como podemos ver com todos os atentados que são noticiados em jornais, o terrorismo é uma forma de mandar um recado através da violência.
A partir daí, podemos nos perguntar:  E PORQUÊ ESTAS PESSOAS FAZEM ISSO?
Isso me lembra um pensador, chamado Zygmunt Bauman, que diz que não é possível haver segurança no mundo, enquanto houverem pessoas marginalizadas da sociedade. Afinal de contas, todas elas irão querer os mesmos benefícios e privilégios das outras, e uma hora irão se utilizar de meios violentos para tanto. O que na verdade é bem lógico, porque enquanto o ego não está em demasia crescido, queremos todos ser tratados iguais.
Podemos ver, também, como falsas ideologias pregadas afetam as pessoas que não estão preparadas contra elas. Um exemplo disso é a ideia de que o suicídio levará a pessoa ao paraíso. De todas as religiões, creio esta ser a única que prega a favor deste crime hediondo contra a própria vida.
Mas esta não é a primeira e nem será a última ideologia a ser pregada dessa forma, com o fim de justificar uma atitude violenta desta maneira. Poderia citar inúmeros exemplos na história: escravidão, cruzadas, inquisição, e inúmeras outras formas de violência contra o outro em prol de uma causa.
Aliás,a propria ideia da guerra contra o terrorismo é contraditória. Afinal de contas, para as mães, crianças e órfãos daqueles países, que perdem tudo em ataques das forças do ocidente, para todos eles, quem são os terroristas?
Toda a história depende do referencial. E estamos acostumados a analisar de apenas um. Isso porque a propaganda que se faz induz a isto, e também porque é mais fácil para nossas análises.
A última coisa que digo, é que hoje não tenhamos respeito apenas pelas pessoas que morreram no 11 de setembro. Elas foram vítimas de um violência inominável, mas não esqueçamos de todas as outras que também o foram, estão esquecidas pela menor importância que damos à forma como elas morreram.

Criança perdida em meios aos destroços da cidade de Hiroshima, em 1945. Com a bomba atômica, milhares de pessoas simplesmente evaporaram, enquanto as que sobreviveram foram queimadas, ou "simplesmente" afetadas pela radiação.

Homem desesperado procura ajuda em meio a destroços no Afeganistão. Essa foto é de um dos vários bombardeios empreendidos durante a guerra contra o terrorismo.
Judeus em um campo de concentração na Alemanha. Durante a Segunda Guerra Mundial, milhares de judeus, homossexuais, ciganos e outras "minorias" foram mortas porque não pertenciam à superior raça ariana.

O depoimento desta garota fala muito melhor que qualquer legenda que eu poderia colocar:

"Em 1972, os americanos lançaram uma bomba de napalm em meu povoado, no sul do Vietnã. Um fotógrafo, Nick Ut, tirou uma foto minha fugindo do fogo, a foto que hoje é tão famosa. Eu me lembro que tinha 9 anos, era apenas uma menina. Naquela noite, nós do povoado havíamos ouvido que os vietcongues estavam vindo e que eles queriam usar a vila como base. Então, quando já era dia, eles vieram e iniciaram os combates no povoado. Nós estávamos muito assustados. Eu me lembro que minha família decidiu procurar abrigo em um templo, porque nós acreditávamos que lá era um lugar sagrado. Nós acreditávamos que, se nos escondêssemos lá, estaríamos a salvo. Eu não cheguei a ver a explosão da bomba de napalm; só me lembro que, de repente, eu vi o fogo me cercando. De repente, minhas roupas todas pegaram fogo, e eu sentia as chamas queimando meu corpo, especialmente meu braço. Naquele momento, passou pela minha cabeça que eu ficaria feia por causa das queimaduras, que eu não ia mais ser uma criança como as outras. Eu estava apavorada, porque de repente não vi mais ninguém perto de mim, só fogo e fumaça. Eu estava chorando e, milagrosamente, ao correr meus pés não ficaram queimados. Só sei que eu comecei a correr, correr e correr. Meus pais não conseguiriam escapar do fogo, então eles decidiram voltar para o templo e continuar abrigados por lá. Minha tia e dois de meus primos morreram. Um deles tinha 3 anos e o outro só 9 meses, eram dois bebês. Então, eu atravessei o fogo."

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