domingo, 11 de dezembro de 2011

Coerência



Pegue um livro cujos capítulos contam histórias diferentes. A cada novo capítulo, uma maneira de escrever, uma nova história contada. É bem provável que ninguém vá gostar deste livro. Afinal de contas, ninguém entende e vê propósito em algo que não tem nenhuma unidade dentro de si mesmo.


Assim é a vida. Cada etapa de nossas vidas é um capítulo. E quando não temos unidade dentro de nós mesmos, viramos um livro de contos inacabados. Não há sentido, não há elo  que mantenha tudo aquilo que fizemos como sendo parte de algo.


Peças de um quebra-cabeças que não se encaixam, quase sempre são criadas por não termos um referencial de vida. A cada momento, algo diferente nos guia, porque não não temos nada que norteie nossas vidas. Somos simplesmente marionetes do destino, por assim dizer, e nossas reações, atitudes e iniciativas acabam sendo guiadas pelo que é melhor para o momento.


E então acabamos por não ter uma identidade, assim como um livro sem título. Somos um jogo de palavras cruzadas, onde qualquer coisa pode ser achada, bastando apenas ocorrer a situação certa. É extremamente  triste o fim de quem vive como uma pintura abstrata exposta num museu: as pessoas olham, não vêem significado, tentam entender, mas cada uma vê uma coisa. No início é divertido, mas depois de um tempo elas cansam, e vão embora, na busca de outra pintura que traga para elas algo mais que alguns riscos tortos sobre o papel.

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