terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Big Freeze




Pontos de luz no meio da escuridão. Estrelas que ardem e, de tão intensas, queimam tudo em redor. Um ego que cresce, explode, e é visto a centenas de milhares de quilômetros de distância. Consomem o que há em redor, apenas para brilharem mais. E, num universo de tamanha mediocridade plana, os outros são o passado, e onde os vemos, não é onde eles estão. Nossa visão é ultrapassada, atrasada, ela simplesmente não é capaz de alcançar o presente.
Em uma carência de companhia, nos entregamos a nós mesmos, buracos negros de sofridão, que se alimentam da luz que há em redor, na esperança vã de deixar o poço de egoísmo ao qual a alma se rendeu. Em uma sociedade de supernovas, qualquer fonte de luz é um objeto de desejo, luta, embate.
Uma nova descoberta, um ser estranho. Uma nova fronteira, e logo já foi dominada. Astros que falam entre si, mas não sabem o que é dividir um universo tão infinito. Numa geometria arrojada, desafiante, "moderna", a massa de nosso próprio orgulho, qual matéria escura a impelir todo o universo humano para fora, acelera nosso distanciamento uns dos outros. Caminhando para o apagar de nossa chama, de nosso próprio eu. Sem o outro, não há o que iluminar. Sem o outro, não há fonte de luz. Não há nada, apenas vazio.
Na sofreguidão dos dias que se passam em meio a essa correria louca para conquistar o seu próprio espaço interestelar, deixamos tudo para trás. Num frenesi estranho e insano, queremos apenas sermos mais. Sermos número um. Ser o motivo do flash, da entrevista, da curtida no status... Enrijecendo até os ossos do espírito, estes são os passos que levam rumo à inação. E, quando talvez for tarde demais para evitar o muro no final do caminho sem rumo, estaremos brancos, brutalizados, e sendo nada mais que um corpo frio e sozinho no espaço, que não foi capaz de evitar que "a solidão tenha se tornado a senhora do próprio universo."


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