quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Do quê mesmo você ri?



"Olha, aquele cara caiu. Ainda bem que eu filmei, dá pra postar no youtube."

Tudo começou com o armazenamento de imagens. Guardar momentos divertidos, afinal porquê não? Fotos, vídeos, e tudo o mais, só para poder lembrar depois daquilo que vivemos de bom. Então alguém teve a brilhante ideia de causar esse tipo de situação. Entretenimento. Todos adoram, afinal de contas, quem não gosta de rir? A TV, ah... a TV! Vídeo cassetadas no domingo, está todo mundo entediado mesmo.
Então a velocidade da comunicação aumenta. Internet, o meio mais democrático de comunicação que existe. Todos podem se comunicar, enviar vídeos, textos, os blogs... As redes sociais fervilham, e as pessoas mergulham de vez no virtual. Notícias do outro lado do mundo chegam em instantes e, com isso, os momentos de riso também. Daí surgem as críticas, as sátiras, os memes. Uma imagem vale mais que mil palavras, expressando sentimentos, situações, contextos...
Chega-se, então, ao frenesi. Qualquer coisa que atrai um pouco mais de atenção deve ser ridicularizada, levada ao escárnio coletivo, porque o espírito é... ser engraçado. Ser divertido, bacana, cool. Ser do camarote de humoristas, com suas piadas de champagne reluzente, enquanto apontam os "coxinhas", os sem espírito, sem alma, sem riso, sem cor. Criticam os que excluem, roubam, enquanto não vêem que suas risadas custam a privacidade, o pudor, a auto-estima alheia. 
Mergulhamos de vez na idade média virtual. Elegemos os bobos da corte, damos a eles alguns biscoitinhos de fama e, quando cansamos deles, trocamos por outros. E o mais incrível, é que já foi criada a inquisição do humor cool. Basta questionar se isso não é insanidade, que você será o herege da nova era, da era da informação, onde todos sabem de tudo, mas a verdade é que já não sabem de nada, começando pelo significado do que é ter respeito ao outro.

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