terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Um passo a mais


Era eu
Já não era eu
Era eu?
Ou fui eu?
O que foi não sei
Mas por aqueles dias passei
Alegrias, lágrimas
Sensações misturadas

No topo do monte
Eu via o horizonte
Mas a montanha desabou
E o céu fendeu em rachaduras de sangue e pó
Onde está o futuro?
Depois dos espinhos lá abaixo

Sombras que cobrem e assustam
Mas ouço o côro dos anjos a cantar
Numa sindonia celestial
Eles me lembram o que é amar
Pontas em minhas veias
Aquela nuvem em meus pulmões
Como a areia que se levanta
Dos ressequidos sertões

Sede
Sede de estar à luz do sol
Calor a aquecer a alma
Fome
Fome de estar satisfeito
E descansar à beira da praia

E a sensação eterna de não ser possível chegar lá
Tombos, quedas, muros que desabam
São os lares do passado
Neste terremoto eles se acabam
E em cada passo parece haver o peso do mundo

Aonde foi o meu corpo?
Deixei-o para trás, vivendo de alma e Espírito
Tocando uma santa arpa
Relatando essa história sem ser o eu lírico
E mesmo no meio dessas tristes que são o que hoje posso ver
O azul da água vem me impedir de esquecer
Que não há solidão perto do mar
Que não está sozinho, quem aprendeu a amar

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